Só a Maya salva


Um pouco de Maya Angelou para lidar com mais um balde de água frio político desse tenebroso 2016 que ainda não acabou.

"You may write me down in history
With your bitter, twisted lies,
You may tread me in the very dirt
But still, like dust, I'll rise...

Just like moons and like suns,
With the certainty of tides,
Just like hopes springing high,
Still I'll rise." -- Maya Angelou

(se alguém tiver uma boa tradução por favor me mande, que eu coloco aqui)


Ninguém avisa


Lembro muito bem uma coisa que o meu pai falou há muitos e muitos anos, quando eu me dei conta de que havia feito uma escolha errada (acho que era relacionado a trabalho) e teria que - talvez pela primeira vez de muitas que viriam depois - dar uns passos pra trás pra recuperar aquele tempo que a escolha errada havia tomado da minha vida. Ele disse que não adianta dar conselho, que a gente descobre o erro depois que ele já está feito. E a vida segue.

Eu tenho a impressão que esse ano eu fiz algumas escolhas erradas. Ou melhor (pior), uma escolha errada levou a outra. Nada grave, mas o peso da ficha caindo sempre acaba sendo enorme, já que reconhecer erro é muito, muito difícil. As vezes me pergunto, será que ninguém pensou que meus planos não estavam muito bem estruturados e quis me avisar? Bom, se alguém pensou, ia falar o que né? "Hummm... sei não. Melhor você não fazer isso".

Mas aí entra aquele clichê, o maior entre todos os clichês, que pelo menos a gente aprende com os erros. Pena que isso não dá pra colocar no currículo!

"Heloisa Righetto, 36 anos, costuma questionar sua carreira de 3 em 3 anos, mas aprende muito com isso"

Leitura: Fifty Shades of Feminism (diversas autoras e editoras)


Assim como o "I Call Myself a Feminist", que terminei há uns dois meses, esse livro é um conjunto de textos. Dessa vez, 50 mulheres escrevem sobre o que o feminismo é para elas. Obviamente que todo livro feminista é pra mim um grande aprendizado, mas até agora esse foi o que menos gostei. Acho que porque não me identifiquei com as abordagens de algumas autoras (muitas que entraram no ativismo nos anos 60 e 70, quando o feminismo tinha um recorte que eu considero um tanto quanto limitado).

Mas talvez esse seja mais uma vantagem do que desvantagem, até porque é preciso entender o que aconteceu no passado para planejar melhor o que podemos fazer agora, no presente. Eu sinto que já demos muitos passos, principalmente em relação de reconhecimento de privilégios e a noção de que o feminismo intersecional é muito importante (indo muito além do lance político e econômico).

Não recomendo essa leitura como a primeira para quem quer começar a estudar feminismo, mas acho que vale a pena colocar na lista uma vez que você já esteja mais familiarizada com o assunto.

Livre e os questionários


Duas amigas minhas, a Magê e a Rapha, começaram um podcast juntas, o Livre. O primeiro episódio foi pro ar hoje, e elas aproveitaram para fazer suas apresentações de uma maneira bem criativa. Utilizaram perguntas dos questionários de Pivot e Proust (eu conhecia o de Pivot por causa do Inside Actors Studio que eu assistia na tv a cabo no Brasil. Ainda existe?), e as respostas são ótimas pra gente saber um pouco mais sobre a personalidade delas.

Bom, como ideia rouba a gente rouba reutiliza, resolvi eu mesma responder algumas dessas perguntas aqui. Afinal, já falo tanto da minha vida aqui há tantos anos, nada mais justo do que me expor um pouco mais : )

Questionário de Pivot:

1. Qual sua palavra preferida?
Ótimo

2. Qual palavra você mais detesta?
Gordice

3. O que te anima?
Fazer planos. Pra qualquer coisa: viagens, projetos feministas, cursos, reservar um restaurante

4. O que te desanima?
Conservadorismo

5. Qual seu palavrão preferido?
Foda-se

6. Que barulho você mais gosta?
Chuva na janela

7. Que barulho você mais odeia?
Quando alguém puxa o catarro da garganta

8. Que outra profissão além da sua você teria?
Não sei nem que profissão eu tenho! Acho que eu gostaria de ser uma pintora

9. Que profissão você não tentaria de jeito nenhum?
Medicina

10. Se o paraíso existe, que você gostaria que Deus te falasse na sua chegada?
Parabéns, você é a pessoa mais velha que eu ja recebi aqui!

Questionário de Proust:

1. O seu principal traço de caráter
Vontade de mudar o mundo.

2. A qualidade que eu desejo em um homem
3. A qualidade que eu desejo em uma mulher
Vou responder essas duas de uma vez só porque acho retrógrado fazer separação por ser homem ou mulher. Interesse pela vida dos outros.

4. O que mais aprecio em meus amigos
Suas conquistas pessoais

5. Meu principal defeito
Carência e impaciência (pá, mando logo dois)

6. Minha ocupação preferida
Internet

7. Meu ideal de felicidade
Não tenho

8. O que seria minha grande infelicidade
Não ter amigas

9. O que queria ser
Achei muito subjetiva essa questão. Mas não tenho a menor ideia.

10. O país onde desejaria viver
Austrália ou Nova Zelândia

11. Minha cor preferida
Azul marinho

12. A flor que eu amo
Não é flor, é planta: qualquer tipo de suculenta

13. Um pássaro preferido
Eu gosto da vida rural, mas não a ponto de ter um pássaro preferido. Ah, pera, vou falar Puffins, porque são fofinhos.

14. Meus autores de prosa favoritos
Mario Vargas Llosa, Eleanor Catton

15. Meus poetas preferidos
Não vamos fingir que eu entendo de poesia né?

16. Meus heróis favoritos de ficção
Luis Bernardo (do livro Equador) e Winston Smith (1984)

17. Minhas heroínas favoritas de ficção
Lorelai Gilmore (Gilmore Girls), Úrsula Iguarán (Cem Anos de Solidão)

18. Meus compositores preferidos
Proust querido, não sou assim tão culta

19. Meus pintores favoritos
Artemisia Gentileschi, Frida Kahlo, JMW Turner

20. Meus heróis na vida real
Os meus 4 avós

21. Minhas heroínas na História
Laura Bates, Juliana de Faria

23. Meus nomes favoritos
Heloisa e Martin (sou fofa)

24. O que detesto acima de tudo
Conservadorismo

25. As personagens que mais detesto
Acabo de me esquecendo de personagens que detesto

26. O acontecimento militar que mais estimo
Passo. Que pergunta esquisita!

27. O dom da natureza que gostaria de ter
Respirar embaixo d'água

28. Como amaria morrer
Amaria é meio forte né? Seria bom morrer de tanto gargalhar.

29. Meu estado de espírito atual
Em dúvida, mas ok.

30. Falta que mais me inspira a ser indulgente
Não sei. Eu perdôo facilmente.

31. Meu lema
Não tenho pressa

(adoraria saber se alguém se surpreendeu com alguma das minhas respostas!)

O gatinho da garagem


Nem me lembro quando vimos o gatinho na garagem aqui do prédio pela primeira vez. Um ano, talvez? Não sei. Mas sabe como é gato né? Passeia o dia todo, depois volta pra casa. Sempre tem alguns pela vizinhança, a gente até reconhece. Tem um gato tão gordo que volta e meia aparece na plataforma da estação de trem que temos aqui na frente do prédio que uma vez eu vi de longe e achei que fosse uma raposa.

Mas enfim, voltando ao gato da garagem. Começamos a encontrá-lo quase todos os dias, e cada vez ele estava mais amigável. Uma coisa de folgado: pedia carinho, rolava no chão de barriga pra cima. Começamos até a comprar comida pro gatinho (eu na verdade achei que era uma gatinha. Então eu chamo de gatinha, e o Martin chama de gatinho). Não só a gente, mas várias pessoas. Todo mundo compra comida pro gato.

Aí alguém fez uma caminha pro gatinho, e algumas pessoas acharam que era uma gatinha mesmo, e que ainda por cima estava grávida. Mas não, é um menino e está é gordinho mesmo, de tanto comer. O gato virou assunto principal no grupo do prédio do Facebook, e agora uma pessoa perguntou se sua mãe poderia adotá-lo, se todo mundo estivesse de acordo. Claro que estamos né? O gatinho mora na garagem, ganha atenção detodo mundo mas ao mesmo tempo fica lá, sozinho, a noite toda e boa parte do dia.

Eu vou morrer de saudades do gatinho, que além de fofo e folgado acabou unindo os moradores desse prédio. O pessoal aqui não é o mais amigável, mas parece que ninguém resiste a um bichinho abandonado.

Desleixo


Ando um pouco desleixada com esse blog, eu sei. Posto sobre os livros lidos, vídeos publicados, mas acho que faz tempo que não tem um post como nos "velhos tempos". Eu até sinto saudade de escrevê-los, mas só ando com preguiça mesmo.

Por aqui, tudo vai indo. Nas últimas semanas teve prova de 10km (a primeira prova depois da meia maratona), teve a viagem para o interior da Inglaterra, teve retorno ao balé (pois é!! voltei). Ah, também acho que não mencionei aqui que comecei um trabalho voluntário (há quase 2 meses) em uma organização chamada LAWA - Latin American Women's Aid.

Engraçado que eu achava que teria todo o tempo do mundo quando saí do trabalho no começo do ano. Mas eu tenho o dom de preencher o tempo, e ando bastante ocupada. Escrevendo, fazendo hangouts, organizando supper clubs, encontrando pessoas, tentando solucionar umas pendências da casa (leia-se: vazamento no banheiro) que estão "por fazer" há anos. Pois é, anos!

Mas é isso. Vai tudo bem por aqui. E por aí?

Cotswolds pelas lentes do Martin


UPDATE: incluí os 2 últimos dias da viagem!!!

O Martin já peedeu todas as esperanças de que eu me torne uma blogueira e rica e famosa e resolveu ele mesmo tornar-se um "influenciador digital". O menino gostou dessa história de fazer vídeos e está criando uns filminhos bem legais da nossa viagem para a região de Cotswolds, aqui na Inglaterra.

Estamos aqui desde quinta feira e vamos embora amanhã. Vejam aí se o rapaz tem talento! ; )












Leitura: The Girl With The Lower Back Tattoo, Amy Schumer


A Amy Schumer é uma comediante/atriz/escritora/produtora americana que não faz muito tempo que alcançou muito sucesso. Uma das coisas que contribuiu para ela deslanchar é o fato de ela não ter papas na língua. Nenhuma. E é interessante que muitos homens com a mesma profissão fazem isso há anos e todo mundo acha divertido, mas basta uma mulher fazer o mesmo para muita gente ficar chocada.

Ela também conquistou fama pois mistura humor com causas sérias, como a regulamentação da venda de armas nos Estados Unidos e diferença salarial entre homens e mulheres. Por coincidência, eu e o Martin fomos em uma apresentação dela aqui em Londres poucas semanas antes de eu ler o livro, e tanto ao vivo como no relato escrito ela é super carismática e engraçada.

Claro que o livro não é assim um primor da literatura, mas eu gosto de saber um pouco mais sobre mulheres que estão impactando a cultura pop contemporânea, como a Mindy Kaling. Fora que não é todo mundo que tem a coragem de se expor dessa maneira (vida sexual, infância em família rica e adolescência em familia pobre, e por aí vai). Apela pro lado curioso de qualquer pessoa.

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Vote nelas


No último mês eu e a Renata convidamos diversas candidatas a vereadoras, prefeitas e vice prefeitas para conversarem com a gente no Conexão Feminista. E a maior parte delas topou! Acho incrível como hoje em dia é tão fácil você entrar em contato com alguém que nem conhece. Imagina se há 10 anos a gente teria conseguido falar com essas mulheres? Certeza de que não seria tão simples.

Mas enfim, queria deixar aqui os vídeos das conversas, pois todas foram muito boas. Claro, a gente selecionou apenas mulheres feministas que tem o feminismo como pauta. Não adianta falar que é feminista mas não fazer uma menção ao feminismo na sua campanha. A gente pesquisou pra caramba, e fizemos questão de dar espaço para candidatas que são tão ativistas no feminismo quanto envolvidas na política.

Pra mim foi um aprendizado imenso, e gostaria de agradecê-las mais uma vez por aceitarem participar. Talvez a gente ainda consiga fazer mais um ou dois antes do domingo, e aí eu atualizo esse post.

Então fica aqui essa lista maravilhosa de candidatas compromissadas com as mulheres. VOTE EM MULHERES FEMINISTAS!

Belo Horizonte: Áurea Carolina 50180



São Paulo: Maíra Pinheiro 13030



Rio de Janeiro: Luciana Boiteux 50 (Vice Prefeita)



Rio de Janeiro: Cristina Biscaia 50130



Curitiba: Ana Mira 50111



Curitiba: Xênia Mello 50 (Prefeita)



Campinas: Amara Moira 50250

Leitura: My Name is Lucy Barton, Elizabeth Strout


Pra quebrar um pouco o ciclo de livros sobre feminismo resolvi trazer esse pra frente da fila. Se não me engano ele estava na lista longa do Booker Prize desse ano (mas não foi pra segunda seleção), que eu ultimamente tenho usado como referência pra comprar livros de ficção.

Gostei pra caramba da história, porque bate bem com o tipo de enredo que me prende: vida real. Nada de grandes revelações, nada de descobertas e surpresas no final. Apenas uma narrativa feita por uma mulher, sobre partes de sua vida. O cenário principal é o quarto de hospital onde a personagem principal ficou internada por mais de dois meses, com foco nos cinco dias que sua mãe a fez companhia. A partir daí ela fala um pouco sobre a sua infância e conta também o que aconteceu depois, anos após esse episódio no hospital.

Sem enrolação, muito bem editado, muito envolvente.




Amor no Douro


Dia 17 de setembro eu acordei às 2 da manhã pra pegar um vôo em direção ao Porto (mais uma vez!), para participar de uma press trip. O objetivo dessa viagem era explorar o Vale do Douro. Não apenas os vinhedos e produção de Vinho do Porto e do Douro, mas também a história, a cultura e as pessoas.

Foram 5 dias intensos, sempre acordando cedo e indo dormir tarde, trocando de hotel quase todos os dias. Viagens desse tipo são sempre assim, eu já estou ficando acostumada ao ritmo e agora já consigo me organizar muito melhor na hora de produzir conteúdo. Apesar de serem oportunidades incríveis de conhecer lugares no mundo que eu não conheceria tão cedo, são viagens extenuantes fisicamente e mentalmente, e no final já dá aquela vontade de ir pra casa, onde tudo nos é familiar.

Quase o grupo todo
Tive muita sorte de ter tido ótimos companheiros de press trips até agora. Conheci blogueiros de outros países, alguns com os quais a amizade rendeu após a viagem. Viajei com blogueiros que já conhecia virtualmente, estreitando a relação e trocando muitas ideias para melhorar os blogs e a maneira como gerenciamos nossas redes sociais.

Mas essa viagem ao Vale do Douro se superou. Não sei se planetas e estrelas estavam alinhados (e eu nem acredito nisso), se foi pura sorte ou uma escolha certeira dos participantes pelos organizadores. O fato é que eu não queria ir embora, e me despedir dos amigos que fiz nesses 5 dias foi bem difícil. Especialmente das outras três blogueiras, também brasleiras e também moradoras do velho continente, que me proporcionaram tanta conversa boa, risadas e companheirismo desde o café da manhã até a hora decada uma ir para seu quarto dormir (as vezes até depois disso, com mensagens rolando soltas madrugada adentro). Rita, Raphaella e Martinha.

Rapha, Rita, eu e Martinha (a maior parte das fotos é assim, com o copo na mão!)
O relato detalhado de tudo que conheci no Vale do Douro estará no Aprendiz de Viajante. Mas achei que essa história de amor com os meus companheiros de viagem merecia um destaque aqui mesmo.

Me apeguei: Anita, uma argentina queridíssima. Mais uma razão para voltar pra Buenos Aires

Como você chegou até aqui?


Esse blog completou 12 anos em agosto, então acho que tá mais que na hora de eu saber um pouco mais de vocês, já que vocês sabem tanto sobre mim (a não ser que você tenha começado a ler o blog hoje, aí tudo bem, tá liberado!).

Então eu queria que vocês deixassem comentários contando como chegaram nesse blog, desde quando vocês acompanham, esse tipo de coisa. Pra quem tiver paciência, conte também alguma coisa sobre você, acho justo hein?

Leitura: I Call Myself a Feminist (diversas autoras e editoras)


Como vocês já devem ter notado, eu ando sedenta por livros feministas. Estou tentando correr atrás do tempo perdido e realmente sinto a necessidade de aprender mais, conhecer outras mulheres ativistas e saber qual é a luta particular delas. E esse livro é perfeito pra isso, pois foi escrito coletivamente, por 25 mulheres.

Cada uma delas conta como se descobriu feminista, e é muito bacana sair da nossa redoma e entender a necessidade de mulheres com histórias completamente diferentes das nossas. Não sei como é possível alguém ainda se posicionar contra o movimento feminista após ler alguns desses relatos.

Outra coisa bacana do livro é que os relatos são intercalados com citações e extratos de outros livros ou reportagens, deixando a leitura bem dinâmica.

Eu não sei se tem versão em português, mas pra quem lê em inglês, vale demais a pena.



E vou aproveitar pra lembrar vocês do meu projeto feminista, o Conexão Feminista. Já são mais de 30 hangouts, vários com convidadas especiais. Ontem mesmo eu conversei com a Áurea Carolina, candidata a vereadora em BH. Se você ainda não conhece o CF, dá uma olhada lá no nosso canal e também na nossa página no Facebook (likes são bem vindos!).

Golpista sim


UPDATE

Atenção! Se você veio aqui pra deixar um comentário do tipo 'você mora fora e não sabe como é aqui' aviso que alguém já foi mais rápido que você (aliás, nunca recebi um comentário assim minutos depois de postar, foi recorde!) e já escreveu isso. Procure por favor outro argumento, a minha resposta pro 'você não mora aqui' deixo copiada pra você não se dar ao trabalho:

Moro longe, e dai? Não vivo numa bolha. Sabe a internet, essa mesma que vc usou pra vir aqui no meu blog? Então, ela me conecta com o mundo. Eu falo com a minha familia diariamente, amigos, leio noticias, redes sociais. Enfim, eu sei o que acontece no minuto que acontece. E, pra ser honesta, morar fora me dá a vantagem de poder analisar o fato sem estar no olho do furacão, podendo ver a opinião de pessoas que tem outras vivências, e não apenas amam ou odeiam o PT ou o que seja. Engraçado né, se eu fosse a favor do impeachment você estaria me parabenizando, falando que só uma pessoa esclarecida como eu, que mora na Inglaterra, poderia ter tamanha sensatez. Mas como estou do outro lado, você usa isso pra deixar esse comentário infeliz.

GOLPISTA SIM. Minha opinião vale mais do que audiência no blog. 





O Elefante


Semana passada estive em Nantes (na região da Bretanha, na França) por dois dias, a convite do projeto "Le Voyage à Nantes" (óbvio que vou escrever sobre isso com mais detalhes lá no Aprendiz de Viajante). Fui com a Karine, que também tem blog e mora aqui em Londres. Nós duas não sabíamos quase nada sobre a cidade, então qual foi a nossa surpresa ao descobrir que uma das atrações mais famosas de lá (talvez até a mais famosa de todas) seja um elefante. 



O elefante, ou melhor, "The Grand Élephant", é parte do projeto turístico e cultural "Les Machines de L'île". São diversas máquinas que parecem saídas de um caderno de estudos de Leonardo da Vinci, que ficam na Île de Nantes, uma ilha no Rio Loire, bem perto do centro da cidade, que está se tornando um centro de criatividade e inovação. 

Pra mim, ver o elefante (e fazer um passeio dentro dele!) já vale a viagem para Nantes. Sim, a cidade é legal e tem um monte de outras coisas pra ver. Mas em que outro lugar você vai ter a oportunidade de passear dentro de um elefante mecânico de 12 metros de altura que inclusive solta água pela tromba? 

Mais legal do que o passeio em si é caminhar ao lado dele e ver de perto os movimentos das patas, das orelhas, da cabeça e da tromba. É tudo muito bem feito e sincronizado! Nós pegamos dois dias de muito calor (temperatutas acima dos 30 graus) e o vapor d'água que ele solta foi uma maneira inusitada de nos refrescarmos! 



Eu fiquei apaixonada por esse elefante! Nantes é um ótimo destino de fim de semana pra quem mora aqui em Londres, pois o vôo é rapidinho (uma hora) e a cidade pode ser explorada a pé. Ah, e quem quer conhecer os famosos castelos do Vale do Loire, pode começar ou terminar a viagem por lá. Vai por mim, o elefante mecânico vale a pena! 

Leitura: I Dreamed of Africa, Kuki Gallmann


Um livro velho, publicado em 1991, que eu achei na livraria do projeto The Kindness Offensive em um dia que estava lá como voluntária (nessa livraria todos os livros são de graça, é só ir e pegar o que você quiser, juro! Escrevi mais aqui). Foi uma coincidência muito feliz, pois eu havia acabado de terminar o livro Mulheres Viajantes, e dei de cara com esse, sobre uma mulher que resolve ir para o Quênia e morar lá.

Kuki Gallmann foi morar na África nos anos 70 junto com o seu marido, Paolo, e seu filho, Emanuele. Italianos, deixaram para trás a vida privilegiada e foram buscar no Quênia o que não tinham na Itália: um propósito, uma conexão com a terra. Kuki conta toda essa história (que na verdade começa quando ela era apenas uma criança, passa pelo seu primeiro casamento, o nascimento do filho, a separação, o acidente que a uniu a Paolo e finalmente a resolução de ir atrás da vida nova muito longe de sua terra natal) de uma maneira incrível. Eu já havia lido algumas biografias, mas nenhuma autobiografia, e talvez essa seja a grande diferença.

É uma história linda, mas nem por isso é felicidade do começo ao fim. Nós acompanhamos as vitórias e também as fatalidades. Eu chorei muito, mas muito mesmo, e não achei que ela forçou a barra na hora de contar as tragédias.

Obviamente que eu já pesquisei muito sobre ela. Hoje em dia Kuki e sua filha Sveva são conservacionistas, ambientalistas e ainda vivem no Quênia, no mesmo rancho onde tudo começou. A diferença é que hoje em dia é possível se hospedar na reserva natural Ol Ari Nyiro, onde fica o rancho e o HQ da Gallmann Memorial Foundation (fundação criada por ela).

Sei que inclusive existe um filme estrelado por Kim Basinger baseado nesse livro, mas eu olhei o trailer e já vi que rola um super twist na história, então não sei se vou assistir. Mas enfim, vou ali comprar um guia do Quênia. Até agora não estava nos meus planos de curto prazo ir para a África, mas esse livro mudou tudo.

Olimpíadas


Tem até uma categoria aqui no blog chamada "Olimpíadas", e se você clicar vai encontrar todos os meus posts de Londres 2012. Não consegui escrever nada sobre Rio 2016 pelo simples fato de estar morrendo de inveja. Acho que a gente nunca acompanha as Olimpíadas do mesmo jeito depois de presenciar uma tão de perto.

Vi o que o fuso horário permitiu (só consegui ficar acordada até muito tarde pra ver a abertura, quando terminou eram 4 da manhã aqui), e até assisti algumas coisas pelo app e pelo site da BBC. Mas não senti a mesma empolgação que sentia antes de 2012. Não sei explicar. Toda vez que vejo os snaps e instagrams e postagens no Facebook me dá uma saudade danada do que vivi aqui há 4 anos. Uma super inveja da atmosfera maravilhosa do Rio de Janeiro, dos amigos e parentes curtindo tudo in loco.

Fiquei super orgulhosa do meu país e dos nossos atletas. Com ou sem medalha, são todos incríveis. Dessa vez fiquei de olho no desempenho das mulheres em particular, e foi maravilhoso ver tanta mulher despontando e fazendo dessas Olimpíadas as Olimpíadas das mulheres.

E achei sensacional também o desempenho do país que é a minha casa. Que legado de 2012 eles levaram! Sua melhor Olimpíadas fora de casa. Medalhas todos os dias, atletas simpáticos e muito, mas muito determinados a melhorarem suas marcas.

Eu espero que a cidade escolhida para sediar os jogos de 2024 seja uma cidade na Europa. Caso eu ainda esteja morando por essas bandas, vou fazer de tudo para ver de perto.

Leitura: Mulheres Viajantes, Sónia Serrano


Ganhei esse livro de presente de uma amiga e ele imediatamente foi pro topo da lista. Acabei levando mais tempo do que costumo para terminá-lo porque ainda estou tentando criar uma nova rotina com as leituras depois que passei a trabalhar em casa, mas do meio pro final dei uma acelerada, pois ele fica ainda mais interessante.

Esse é um livro de não ficção, que conta a história de várias mulheres que, contrariando tradições e expectativas de terceiros, resolveram explorar o mundo. Mulheres que nasceram no século 18, 17, 16 e até muito antes disso. Cada uma teve sua razão, e cada uma viajou a sua maneira. Algumas se apaixonaram pelo Oriente, enquanto outras foram para a África diversas vezes. Algumas com recursos, outras sem dinnheiro no bolso. São histórias lindas, inspiradoras, mas infelizmente nem todas terminam bem.

Várias das mulheres retratadas no livro mapearam regiões ou descobriram espécies de plantas e animais. Algumas caíram no esquecimento enquanto outras são referência até hoje, pioneiras na escrita de viagem. Enfim, cada uma delas ajudou a quebrar barreiras e paradigmas, fazendo a nossa vida hoje em dia muito mais fácil do que a delas.

Mulheres viajantes: leiam!

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Cadê o assunto que estava aqui?


Fugiu!

Eu fico agoniada quando vejo que a data da última postagem passa de uma semana, tenho a impressão de que estou omitindo fatos importantes da minha vida pra mim mesma no futuro. Os assuntos mais corriqueiros acabam indo pro Snapchat, e os anúncios importantes vão parar no Facebook ou Twitter.

Ah, uma coisa bacana é que eu lancei mais um guia : ) o primeiro da série 'Bate e Volta de Londres', sobre Oxford & Cambridge. Está a venda aqui, custa R$9,90 e está disponível apenas como ebook (o Guia de Londres continua firme e forte, tanto impresso como digital).

Estou envolvida com algumas organizações e fazendo trabalhos voluntários (conto mais outra hora), continuo fazendo os hangouts feministas com a Renata e escrevendo posts de viagem. Também tenho algumas viagens agendadas para os próximos meses, mas infelizmente o Brasil não está mais na lista, como era o planejado. por causa de burocracias para renovar o visto de residência do Martin que levam mais tempo do que deveriam. Mas enfim, faz parte.

Vou ali mas já volto!

Motivação pra correr pós meia maratona e férias


Depois que fizemos a meia maratona em maio, demos uma relaxada nas corridas (eu não gosto da palavra 'treino'). Não no sentindo de deixar de sair pra correr, mas sim de correr distâncias menores e sem tanta preocupação com o tempo. Parece que na meia a gente se desfez de um peso, sabe? Aquela coisa 'preciso provar pra todo mundo que eu consigo'.

Até aí tudo bem, só que vieram as férias na Sicília - 2 semanas de chinelo e biquini - e foi quando voltamos que realmente sentimos a diferença na motivação.

Antes deixa eu esclarecer: saímos de férias sem culpa nenhuma. Em nenhum momento cogitamos levar nossa roupa de corrida pra lá. A gente não queria correr e pronto, eram 2 semanas de férias de verdade! Sem preocupação. E, na boa, a corrida é uma preocupação sim, é um compromisso. É, pra gente, uma obrigação (ainda que a gente sinta satisfação no fim das corridas, a gente faz pela saúde, foi uma decisão totalmente baseada nisso).

Então, a volta. Olha, foi bem difícil. Só agora, quase um mês depois, o ritmo 'antigo' (pré meia maratona) está voltando. E o chato é que nesse 'limbo' a gente vai perdendo a vontade de ir correr. Porque sabemos que será demorado, dolorido, difícil. Aí a gente faz um percurso curto. Aí não progride. Sacou o ciclo?

Mas enfim, parece que estamos voltando para os eixos. E agora temos uma nova prova em vista (de 10km), o que sempre ajuda a manter a motivação (como falei em um dos meus primeiros posts sobre corrida). Os londrinos vão querer me matar, mas pra quem corre os dias frios são MUITO melhores - então eu espero que o dia da nossa prova seja um daqueles de outono com cara de inverno!