Leitura: Flâneuse, Lauren Elkin

dezembro 21, 2017 Helô Righetto 0 Comentários


Esse livro estava na lista de leituras complementares de uma das minhas aulas do mestrado. Como era um tema muito bacana e uma amiga também tinha começado a ler e estava gostando, resolvi unir o útil ao agradável.

A ideia de 'flanar' - ou seja, caminhar por um centro urbano sem objetivo, apenas observando o movimento da cidade sem ter exatamente um lugar pra chegar - nasceu em Paris no século 19. O flanador - em francês, flâneur - era o homem burguês, que tinha o privilégio de caminhar sem ser incomodado. E a flanadora, a flâneuse, existia?

Bom, existem várias opiniões a respeito. Há pesquisadores que dizem que sim: que a mulher ocupava as ruas dos centros urbanos também, ainda que sob outra perspectiva. Eu não concordo. Eu não acho que mulheres que estavam na rua pra trabalhar - seja como vendedoras ou como prostitutas ou até mesmo as mulheres ricas que podiam sair, mas tinham que levar acompanhantes (sem falar da roupa desconfortável) - aproveitavam a cidade da mesma maneira do flâneur.

Mas discussões acadêmicas a parte, a ideia do livro da Lauren Elkin é mostrar a experiência de mulheres - de diversas épocas - que tiveram oportunidade de ter essa experiência. Desde a escritora George Sand, que se vestia de homem para poder flanar em Paris sem ninguém encher seu saco, até Virginia Woolf em Londres e a própria autora em Tóquio, ela explora essas histórias e mostra que as mulheres também ocupam espaço na cidade.

A introdução do livro é sensacional. É praticamente a aula que eu tive sobre isso em algumas páginas. Mas os capítulos - cada capítulo dedicado a uma cidade em conjunto com uma protagonista da qual ela 'segue' os passos - vão ficando repetitivos. Ela mistura muito suas experiências pessoais ao longo da narrativa e eu achei que isso não ficou muito bem encaixado. Fora que em alguns capítulos fica monótono mesmo, como em um que ela descreve um filme, cena a cena. Em algumas partes eu achei que ela perdeu o fio da meada completamente: parecia que não estava mais descrevendo a relação daquela mulher com aquela cidade, mas apenas mostrando o seu conhecimento intelectual sobre o trabalho produzido por aquela mulher.

Acabei levando muito mais tempo do que achava que ia levar pra terminar esse livro. Claro, tem o mestrado na parada e o desgaste mental - as vezes não tenho vontade de ler nada e só quero ficar vendo porcaria na televisão e na internet - mas me conheço e sei que se eu tivesse me interessado mais teria terminado antes.




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