Quem é o criminoso?

dezembro 24, 2017 Helô Righetto 0 Comentários


Estamos em Paris por uma semana, para passar o Natal com os nossos amigos Paula e Filipe - esse será o sétimo Natal que passamos juntos, uma tradição que não pretendemos quebrar.

Bom, ontem eu e o Martin estávamos passeando pela cidade quando ouvimos uns gritos. Olhamos pra trás e vimos dois homens correndo. Um perseguia o outro. O que estava fugindo carregava uma sacola, e o que estava atrás dele vestia um avental. Na hora já entendemos: o da frente roubou algo de uma loja, e o de trás era vendedor da loja e percebeu o roubo.

O vendedor alcançou o que roubou, arrancou a sacola dele e tirou de dentro uma garrafa - o objeto roubado. Mas o que aconteceu em seguida foi o que realmente me chocou: o vendedor começou a bater no cara, que por sua vez se encolheu e não revidou. Foram uns dois ou três tapas. O moço então tentou pegar a sacola de volta da mão do vendedor, mas não conseguiu. O vendedor o ameaçou com a garrafa e então andou de volta para a loja. A gente claro não entendeu o que eles falaram, mas o rapaz voltou junto com ele. Sei lá se ao chegarem na loja o vendedor chamou a polícia. Continuei andando.

Fiquei muito, mas muito impressionada mesmo com o acontecido. Como uma pessoa bate na outra no meio da rua, em plena luz do dia, na frente de todo mundo? Pra mim, o vendedor perdeu a razão no segundo que encostou a mão no rapaz que roubou a garrafa. Isso é um perigo. Quem somos nós pra fazer justiça com as próprias mãos? Ainda que tenha sido um flagrante? Desde quando bater em alguém resolve algum problema? O que será que aconteceu com o 'ladrão' dentro da loja? Não gosto de pensar.

Você pode até argumentar comigo: mas poxa, ele roubou!

Só que de um 'flagrante' para o achismo é um passo. Isso é muito, muito perigoso. Não cabe a ninguém decidir a punição do 'ladrão'. Existe sistema judiciário pra isso. E já é suficiente que tal sistema seja antiquado e que não resolva violência a longo prazo. Isso não justifica que a gente tenha que penalizar outros seres humanos.

Enfim. Não consigo parar de pensar no rapaz. Na cena do vendedor descendo a mão nele, no  meio da rua.

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