Não aos opressores da reclamação!

abril 25, 2016 Helô Righetto 4 Comentários


Eu não acho que reclamar o tempo inteiro seja saudável, mas reclamar faz parte da vida. Não dá pra gente ser positivo e otimista sempre. Reclamar as vezes até ajuda a começar a pensar em uma solução para o problema: afinal, se a gente não falar (ou escrever, no caso das redes sociais), ninguém vai ouvir. E vai que tem alguém que oferece ajuda ou sugere uma solução?

Eu sou uma dessas pessoas que reclama bastante, e preciso me policiar pra não contaminar os outros. Mas acho sim que estamos numa onda de repressão a reclamação. Parece que temos sempre estar felizes, ou melhor, mostrar ao mundo que as coisas boas da vida superam as ruins (nada mais irritante do que a hashtag #blessed no Instagram). Mas eu não acho que seja bem assim. 

Semana passada, por coincidências, duas amigas compartilharam comigo alguns problemas pelos quais estão passando. E, quando perguntei para elas: 'mas porque você não falou isso antes?' (eu não fazia ideia de que elas estavam passando por uma fase difícil), as respostas foram idênticas: 'não quero reclamar'.

Poxa, será que chegamos num ponto que não compartilhamos nossas dores com os amigos porque não queremos ser chamados de reclamões? Se estamos numa fase ruim ou temos um problema chato atravancando a vida, temos que esconder de todo mundo só pra ninguém se chatear com 'o reclamão'? 

Eu não consigo ser otimista o tempo todo. Sou muito pé no chão, e prefiro ser surpreendida positivamente do que negativamente. Pode não ser a filosofia de vida mais cor de rosa que existe, mas eu costumo pensar nas piores consequências para as decisões que tomo antes de pensar nas melhores. 

E, pra mim, reclamar ajuda a evoluir. Se eu não reclamar de algo que me incomoda no trabalho, como o chefe vai saber? Se eu não reclamar para o vizinho que ele está jogando o lixo no lugar errado, como é que ele vai aprender a jogar no lugar certo? 

E se eu parar de reclamar, sobre o que eu vou escrever nesse blog? 

Vamos continuar reclamando, por favor. Só do frio em Londres que não vale, ok? : )


4 comentários:

  1. Rejand12:18 AM

    Ótimo o seu texto (como sempre) :). Eu enxergava esse negócio de não reclamar mais como não reclamar das besteiras do dia a dia que não estão ao seu alcance mudar, tipo o ônibus lotado que você tem que pegar ou do clima. Porque eu, pelo menos, reclamo mais por costume que por efetivamente me incomodar muito.
    Mas, levando em conta que alguns desses desafios que eu vi de não reclamar (que eu nunca consigo seguir por mais de um dia) vem de pessoas trabalhadas na positividade e que acham válido se despedir com ''namastê' e 'gratidão', acho que o seu ponto de vista é mais acertado que o meu :)

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  2. Oi Helo! Eu acho que reclamar ajuda não somente a evoluir mas a não pirarmos! Quando a gente guarda os sentimentos somente para nós, ainda mais aquele ruins, a gente começa a enlouquecer. Faz um super mal. Quanto as suas amigas, eu mesma já tive esse sentimento de guardar o que tava acontecendo, acho que as vezes a gente faz isso para não incomodar também sabe? Como se nossos problemas fossem só nossos e ninguém precisa aturar. É uma coisa que a gente precisa de policiar também para não fazer. Nenhum mundo é 100% rosa ou 100% negro. Acho que a gente não deve parar de reclamar também, das coisas grandes e das pequenas! Beijos!

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  3. Amém que alguém usou este espaço chamado internet para dar um chega para lá em quem reclama de reclamações (hipócrita, não?)
    Eu sou reclamona assumida e, sinceramente, cheguei em uma fase na vida que eu não aceito mais ficar engolindo sapo e aguentando as coisa só porque tenho que ser a simpática.
    Viva as reclamações!

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