Leitura: Italian Ways - on and off the rails from Milan to Palermo, Tim Parks

outubro 04, 2013 Helô Righetto 4 Comentários

Esse livro já me ganhou na dedicatória:

"For all those who love to read on trains"

(Meu trem de ida/volta do trabalho é meu santuário de leitura. Já me ganhou aí!)

Como falei na foto que postei no Instagram, quem ama a Itália e acha que o trem é o melhor meio de transporte que existe, precisa ler esse livro. Tim Parks é inglês e vive na Itália há mais de 30 anos (Verona), e no livro conta sobre suas viagens (a lazer e a trabalho) pela Itália.

Eu me identifiquei demais, demais, demais. Primeiro, que ele em diversas passagens fala sobre ser um estrangeiro, sobre ter a sensação de que pertence a dois países e como é estranho que as pessoas saibam que ele é estrangeiro antes mesmo de ele abrir a boca.

Segundo que os primeiros capítulos do livro são dedicados as viagens de trem que ele faz quase que diariamente entre Verona e Milão, para trabalhar. Essa rotina dele no trem me fez pensar na minha rotina, nos trens que eu pego todo dia do meu bairro ao centro de Londres. A menira que ele conta os "causos" e as pessoas que conhece, os costumes dos viajantes desse trem... enfim, eu "transportei" para a as minhas viagens de trem e foi uma reflexão sensacional.

Pra melhorar, ele viaja de trem pela Itália de férias, para cidades distantes, pequenas, com estações de trem quase que abandonadas. Coisa que eu quero muito fazer, agora mais do que nunca. Fui viajando com ele por algumas dessas cidades: Lecce, Brindisi, Otranto, Crotone....

Por fim, alguns parágrafos do livro são geniais, enquanto estava lendo marquei alguns porque queria colocar aqui.

"The truth is that every major Italian city rail station (...) is a daily challenge to the middle-class commuter's propensity for denial: will we be able to ignore the spill of humanity leaking into our cosy Italian world from all over the planet? Can we really reassure ourselves that it's none of our business that these men, women and children wrapped in sacking on the pavement are not our neighbours? Most days, I must say, we rise pretty well to the challenge. We have our iPods, our mobiles. We can walk past the starving to the melodies of Beethoven or the bluster of Bruce Springsteen. Perhaps what has most changed since 2005 are the rising tides of the dispossessed, the unemployed and the unemployable, and the ever more sophisticated technology that helps us not engage with them, to get from A to B faster and faster without touching anyhting dirty in between"

No parágrafo acima ele se refere aos imigrantes sem teto e vendedores ambulantes na estação central de Milão, mas achei que podemos aplicar em vários outros locais em várias outras cidades do mundo.

Outras passagens que gostei muito, já no final do livro:

"How I have cursed (...) the times a train of mine was delayed because a passenger was ill or again because someone had committed suicide on the line. How I fumed for the lost of time. What an ungenerous fellow I am. Travelling by train means sharing a common fate; we are on this journey together (...)."

"What a beautiful respite a train journey is and a good book, too, and best of all the book on the train, in life and out of it at the same time, before we arrive at Termini and disembark and the book is put down and we must all part and go our separate ways, forever."

Fiquei emocionada quando terminei o livro (Juro! Sei que soa patético, mas é verdade, fazer o que), e a primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi achá-lo no facebook, onde deixei essa mensagem:

"Dear Tim - I have just finished reading Italian Ways (just as my train was approaching my home station in London) and I couldn't help but write you a message to say thank you. This book is absolutely amazing and the final sentences brought tears to my eyes (of joy!). 

Like you, I'm a foreigner who sometimes don't know where I really belong to, and, like you, I'm a loyal train traveller. Your book got me thinking on how much I take my commute for granted and how the British rail is such a part of this country. I feel like writing a book : ) - I won't though! 

I visit Italy a few times every year (work and leisure), specially Milan (work), and I will never look at Centrale the same way. I have always felt like a train journey through Italy is my "dream holiday" and now I'm even more certain of that. 

Thanks very much - next time I'm in Milan or Bologna having the best latte macchiato in the world or taking a train to the coast I will remember your words. Thanks for sharing your thoughts. All the best, Heloisa"

4 comentários:

  1. Um belo post, contando de um belo livro. Não preciso nem dizer que amei, né? :)
    Fiquei com vontade de ler, até porque também sou mais uma louca por trens (só não consigo ler por muito tempo enquanto estou em um porque durmo com menos de 10km rodados. hahaha).
    :*

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  2. Helô, deu vontade de ler o livro com o seu post! Esses dias eu conversava com a minha família sobre viagens e chegamos a conclusão de que viagem de trem é a melhor,sem dúvida. E olha que eu fiz apenas uma viagem de trem na vida que nem se compara ao roteiro do autor pelas cidades italianas. Numa viagem de trem, passamos por lugares lindos, paisagens deslumbrantes que se tornam inesquecíveis, sem contar que podemos carregar toda uma história dentro dos trens de passeio ou do dia a dia, como vc contou da vida em Londres e o escritor da vida na Itália. E não é patético ficar emocionada com um livro, música etc. No seu caso, é se identificar com a história, se imaginar em algum lugar, entender o que o autor quer passar. Beijos!

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  3. Daniel Vitor gomes4:00 AM

    Um dos mais belos e sinceros posts que ja li aqui no blog, ja to procurando pra comprar esse livro, não precisa ser necessariamente num trem vou e volto td dia num fretado(trabalho em uma fábrica em camaçari na bahia) e ninguém se importa ou conversa um com o outro, e estamos tds os dias indo e voltando para o mesmo destino.

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  4. Hello, que post mais lindo!
    Hoje vi um comentário seu no Time-out (London top city), então lembrei q fazia mto tempo que não passava por aqui. Acompanho seu blog há alguns anos, mas não me lembro se já comentei alguma vez, acho que sim.
    Não sei porque, sempre pensei que você morasse mais perto, não imaginava que você precisasse "viajar" um pouco todos os dias.
    (Estou agora na fase de pesquisar onde morar, há muitos anos quando vivi aí, morei em uma porção de lugares, desde um vilarejo minúsculo chamado Balcombe, até Plymouth, Brighton e tb na Zona 2, mas já faz tanto tempo... agora sou mais velha, tenho um rapaz de 18 anos que vai p/ a faculdade um tempo depois de chegarmos, então fico na dúvida se vou p/ um lugar mais tranquilo estilo Kingston/Richmond ou se acabo ficando um pouco mais perto em algum lugar da Zona 2 mesmo... bom, a pesquisa continua...)
    Muito obrigada por compartilhar, gosto muito quando você comenta sobre as suas leituras!
    Bjos

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