Jornalismo "adiplomado"
Há tempos que ensaio escrever esse post mas bate uma preguiça gigantesca, porque sei que o assunto é polêmico e há a possibilidade de rolar enchições de saco. Mas, como eu tenho tido cada vez mais contato com jornalistas - diplomados - lá no Brasil e por isso sentindo uma certa contradição no assunto, lá vai meu post.Todo mundo aqui sabe que eu não me formei em jornalismo. Sou "desenhista industrial" e coloco entre aspas porque a minha querida primeira profissão não é regulamentada. Até o nome da curso, Desenho Industrial, é mega antiquado e deveria urgentemente ser alterado para Design (Produto ou Gráfico ou o que for), afinal não há palavra em português que represente perfeitamente o que engloba essa profissão.
Mas chega, não queria falar da minha primeira profissão, mas da segunda, o jornalismo. Pois é, eu entendo mesmo (mesmo!) a insatisfação da classe (que termo mais revolução industrial hein?), que estudou por anos e passou perrengues infernais até conseguir trabalho. Mas também entendo que pessoas especializadas em um setor específico (oi?) tem muito para contribuir.
Eu realmente não compreendo reclamações do tipo "ah, mas agora meu diploma não vale nada?". Como assim? Você realmente acha que seu conhecimento do assunto será desdenhado por causa disso? Eu não acho não! Você tem é uma bela de uma vantagem, aproveite!
Além disso, pessoas especializadas - em design, culinária, música, arte, entre tantos outros - tem contribuído com o jornalismo há anos e merecem sim o título de jornalista.
Até porque, os próprios bachareis em jornalismo cedo ou tarde acabam especializando-se em algo.
REPITO: eu acredito na importância do curso, e sinto na pele a falta que ele faz (por isso estou correndo atrás da faculdade perdida através de cursos e uma possível pós), mas da mesma maneira que um economista pode virar designer, um designer também pode virar jornalista.
Ah, mas falei falei e não contei das contradições né? A melhor delas: uma das editoras com que trabalho divulgou, em sua "carta do editor" - que vai na primeira página da revista - sua revolta quando essa história de não precisar o diploma foi aprovada. Engraçado que na mesma edição estava lá a minha matéria, toda bonitona. Preciso explicar?
Aliás essa coisa toda de "estudou isso então é isso que você tem que fazer pro resto da sua vida" é um pouco ultrapassada. Eu mesma só fui abrir a cabeça há pouco tempo atrás, e minha mudança pra Londres contribuiu muito pra isso. Aqui, você usa a universidade pra flertar com vários assuntos, e é na sua caminhada profissional que você vai acabar descobrindo o que fazer. Já conheci muita gente formada em marketing que trabalha como jornalista, ou formada em moda e que atuam em administração.
Eu costumava ficar irritada quando via uma turma autodidata falar que era designer, e me arrependo muito de ter sido tão cabecinha fechada. A gente muda, a gente aprende, podemos fazer várias coisas fora do percurso planejado quando a gente tinha 17 anos.
Tudo isso porque eu não quero mais ficar envergonhada pra falar que sou jornalista de design. Porque eu sou!
10 comentários:
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