Sugestões

fevereiro 21, 2017 Helô Righetto 1 Comentários




Quando a gente tem um problema ou enfrenta um impasse, e quando a gente compartilha isso com alguém, não dá pra evitar: vamos receber uma enxurrada de sugestões. Bem intencionadas, eu sei (e tenho certeza de que já fiz isso, não estou apontando dedo pra ninguém, apenas fazendo uma reflexão), mas que mais atrapalham do que ajudam. Na maior parte das vezes, atrapalham.

Ano passado, quando eu deixei meu trabalho fixo para me aventurar como blogueira e freelancer, passei por algo assim. Passados alguns meses eu já não tinha certeza de que tinha feito a melhor decisão, e comecei a considerar as opções. E bastou eu compartilhar essa insegurança para ser metralhada com soluções para o meu impasse. Mas eu só queria falar. Eu sabia quais eram as opções possíveis, mas não estava certa de que caminho tomar. Estava em um limbo, e precisava lidar com esse limbo no meu tempo.

Ouvir as diversas soluções propostas apenas exaltou o meu sentimento de ter fracassado. Afinal, com tantas opções, como eu poderia estar na dúvida? Escolhe uma e vai, oras!

Isso é muito cansativo. As vezes a gente só quer compartilhar um momento difícil, sem discutir as possibilidades. Apenas falar. Acho que só uma pessoa (uma colega do ex trabalho aliás) me falou algo que realmente ajudou: lembre-se de que isso é temporário. Pronto, ela entendeu. Não me deu soluções geniais, não me fez sentir uma derrotada por não saber que passo dar.

Será que a gente vem com essas mil soluções não solicitadas quando alguém desabafa com a gente porque não temos a menor ideia de como lidar com a dúvida? Parece que a vida de todo mundo ao nosso redor tem que ir ao encontro das nossas ideias. Não há tempo para a dúvida! Você está desperdiçando seu talento! Vai produzir!

Portanto, antes de dar uma sugestão, pense: será que a pessoa já não pensou nisso? Você tem certeza de que o que você vai sugerir é tão inovador que não passou pela cabeça da pessoa antes? Será que ajudar ouvindo não é melhor que ajudar falando?

Afinal, já diz o velho ditado: se conselho fosse bom...


Um comentário:

  1. Acho que você acertou a chave da questão Helô: a gente tem dificuldade em lidar com incertezas. Mesmo quando não são nossas. Por isso o "ouvir pra responder" ao invés de "ouvir para que a pessoa tire aquilo do peito".
    Há tempos tenho convicção de que um dos grandes desafios emocionais da vida é lidar com incertezas em todas as suas formas, mas tua reflexão me fez pensar em como saber ouvir é uma qualidade rara! Admirei muito a resposta da tua amiga.
    Beijos

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