Há muito tempo eu comprei um livro da Hillary Clinton, chamado Hard Choices, mas ele vai precisar esperar mais um pouco, já que o What Happened (O que aconteceu) me atiçou a curiosidade e passou na frente. Eu não queria esperar até sabe lá quando pra ler sobre as eleições presidenciais nos Estados Unidos de 2016. Já que todo o 'evento' está fresquinho na memória, achei que fazia mais sentido ler agora.
Eu estava muito curiosa pra ler sobre como foi ser uma mulher candidata, e como ela lidou com a derrota. Ela escreve sobre tudo isso e muito mais. Por exemplo, não esperava que teria um capítulo todinho dedicado a dissecar a questão do envolvimento da Rússia na campanha.
Achei o livro ótimo, muito bem escrito, e que dá nome aos bois. Ela não poupa ninguém e ao mesmo tempo assume toda a 'culpa' por não ter sido eleita. Claro que é a versão dela e a gente tem que levar isso em consideração (afinal, criar propostas é uma coisa, colocá-las em prática é outra), mas sei lá - me pareceu muito honesto. A verdade é que gostei do livro muito mais do que esperava (e não pude deixar de pensar - várias vezes - como teria sido um encontro entre a Hillary e a Dilma. Também pensei o quanto seria maravilhoso ler um livro desse estilo escrito pela Dilma, contando sobre o golpe na versão dela).
Ah, uma coisa que eu adorei foi quando ela menciona uma participação que ela fez no Saturday Night Live. Ela contracena com a atriz que interpreta ela, enquanto ela faz o papel de atendente de bar.
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Ao contrário da Rê, eu já tinha um pouco de experiência no assunto. Não apenas como consumidora -já apoiei diversas campanhas assim, como por exemplo a dos meus amigos que abriram um restaurante aqui em Londres e das meninas que criaram um app para ajudar vítimas de violência doméstica no Brasil - mas também como realizadora. No fim de 2016 eu ajudei a criar e coordenar a primeira campanha de financiamento coletivo da LAWA (a ONG onde trabalhei como voluntária por um ano e meio - saí recentemente porque preciso focar no mestrado).
Então quando não conseguimos ganhar o financiamento para o qual nos candidatamos através do Fundo Elas de Investimento, eu propus para a Renata que a gente fizesse nosso projeto - Intercâmbio Feminista - acontecer mesmo assim. Vamos fazer um financiamento coletivo? Ela topou. O bom de fazer algo assim com outra pessoa é que a gente se questionava o tempo todo. A Rê me fez mil perguntas que achava que seriam feitas pelas pessoas que seguem nosso trabalho. E só quando conseguimos responder todas é que nos sentimos seguras para colocar a campanha no ar.
A escolha da plataforma foi fácil: a Benfeitoria era a que mais se aproximava da nossa propostas, pois além de ser uma instituição sem fins lucrativos também nos dá a opção de escolher quanto da nossa arrecadação vamos doar para eles (podíamos não doar nada, mas optamos por 6%). Apesar de alguns poucos pesares (achamos que faltou apoio nas redes sociais), a plataforma em si é ótima, e eles nos deram muito suporte na hora de construir a página.
Depois das recompensas criadas e da página montada, a campanha foi pro ar. E nos 2 meses seguintes eu e a Renata (e a minha mãe) passamos boa parte dos nossos dias atualizando a bendita página. Logo nos primeiros dias de campanha conseguimos arrecadar mais de 20% da meta, o que a Benfeitoria vê como um dos melhores indicadores de que o projeto será bem sucedido. Isso foi maravilhoso, perceber que as pessoas realmente acreditam no que a gente faz. Sim, amigas, colegas e pessoas completamente desconhecidas estavam nos dando seu rico dinheirinho para que a gente viabilizasse um projeto feminista. Não é sensacional?
Claro que há altos e baixos, e quando passavam 3 ou 4 dias sem nenhuma colaboração, as dúvidas surgiam novamente. Lá íamos nós mobilizar os contatos pelas redes sociais (minha, dela e da Conexão Feminista). Pedir ajuda não é fácil, ainda mais quando essa ajuda significa dinheiro. E algo ainda mais inesperado aconteceu: comecei a receber mensagens (tanto de conhecidos como de desconhecidos) de pessoas que queriam explicar a razão de não poder ajudar financeiramente. Isso foi algo estranho: por um lado me senti orgulhosa de ter criado uma comunidade tão engajada a ponto de sentir que nos devia esse apoio financeiro, por outro fiquei arrasada de pensar que estava pressionando quem nos prestigia.
Teve gente que compartilhou com seus próprios contatos, gente que doou mais de uma vez (sim! e mais de uma pessoa), gente que mandou mensagem após a campanha ter encerrado querendo mandar dinheiro pelo paypal (eu aceitei, e aliás ainda aceito caso alguém tenha perdido o prazo), gente que nos mandava mensagens falando que estavam tão ansiosas nas horas finais como nós estávamos. Foi incrível.
Como vocês sabem, nós não apenas alcançamos a meta mínima, como a superamos. Já estamos trabalhando pra fazer as engrenagens desse projeto funcionarem, e ainda temos muito trabalho pela frente. Mas sabendo que temos mais de 170 pessoas que acreditam nos nossos ideais, o que vem por aí fica muito mais fácil.
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Hiking
fevereiro 11, 2018
Helô Righetto
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Uma pessoa no Instagram me pediu para contar porque eu gosto tanto de fazer hiking, como esse hobby começou. Engraçado que eu nunca tinha parado pra pensar nisso! Sair pra caminhar na natureza nos finais de semana tem sido minha atividade preferida ultimamente, e eu espero ansiosa por esses dias. Mas realmente não foi algo que passei a fazer de uma hora para outra, então precisei parar pra pensar, e fazer uma espécie de 'retrospectiva' mental para lembrar de como isso começou.
Em maio de 2013 fomos passar um fim de semana prolongado no País de Gales (nossa primeira vez por lá). A gente foi pra capital, Cardiff, mas percebemos que seria tempo demais pra ficar lá (achamos a cidade legal, mas não foi assim um lugar que nos impressionou), então fechamos com uma agência local para fazer um passeio de um dia para a Península de Gower.
Foi nesse passeio que descobrimos que existe uma trilha que pasa por toda costa galesa, e nós fizemos um pedacinho dela. Lembro de voltar pro hotel em Cardiff completamente encantada com o que eu tinha visto. Estava tão impressionada com a beleza de Gales que logo marquei de passar mais um fim de semana lá pra caminhar por mais um pedaço da trilha.
A segunda vez também foi muito legal (fomos para a região de Glamorgan), e depois que voltamos começamos a comprar roupas melhores e apropriadas para essa atividade. Voltamos mais três vezes desde então, e sempre com o objetivo de fazer caminhada e conhecer mais do interior do país. Cada vez que a gente ia aprendíamos algo novo (geralmente por causa de um erro, como por exemplo levar pouca comida e água na mochila, achar que não precisávamos de jaqueta corta vento porque o dia estava ensolarado e coisas do tipo), e passamos a nos preparar melhor.
Da vez que fomos para a região de Snowdonia, acabamos subindo o Monte Snowdon, e adoramos a experiência. Soubemos que o Snowdon é a segunda montanha mais alta da Grã Bretanha, perdendo para o Ben Nevis, na Escócia. Então, em março de 2016, lá fomos nós para a Escócia com o objetivo de chegar no topo do Ben Nevis. Foi incrível! Muito mais difícil que imaginávamos, mas nós dois curtimos muito. Estávamos bem equipados e preparados fisicamente. Foi por causa dessa viagem ao Ben Nevis que começamos a considerar seriamente a possibilidade de ir para o Kilimanjaro.
Mas antes do Kilimanjaro, uma amiga minha que já fazia hiking há mais tempo nos chamou para fazer uma trilha nos arredores de Londres (obrigada, Pri!), isso há pouco mais de um ano. Pronto! Adoramos! Nunca tínhamos nos tocado que era possível fazer esse tipo de programa sem precisar planejar uma viagem. Por mais que a gente ame a Escócia e o País de Gales, não é sempre que dá pra se deslocar.
Agora, cada vez que a gente faz uma dessas trilhas no interior da Inglaterra, já combinamos a próxima. A maior parte das vezes na companhia dos amigos, mas não é sempre que podemos nas mesmas datas. Já fizemos só nós dois, com outros grupos, e eu até já fiz algumas sem o Martin, quando ele estava viajando a trabalho.
Se há 6, 7 anos atrás você me falasse que eu seria uma dessas pessoas que ama estar no meio da natureza e gastaria meu dinheiro comprando bota de caminhada e jaqueta impermeável, eu iria rir da sua cara. Sempre me considerei uma pessoa 'da cidade'. E agora, apesar de ser feliz morando em um lugar caótico como Londres, fico sempre planejando a próxima escapada pro meio do nada. Eu e o Martin recentemente compramos uma barraca e em breve vamos acampar pela primeira vez (sem contar a expedição do Kilimanjaro, claro, mas lá tudo era feito pra gente - não nos preocupamos em montar barraca ou fazer comida). Nossa próxima viagem juntos é para um lugar especial na Escócia, que estou com vontade de conhecer já há alguns anos, justamente por causa da natureza intocada e das trilhas. Também estamos programando uma outra viagem de aventura para o fim do verão europeu, mas vou falar disso com mais detalhes quando tudo estiver fechado.
É preciso ter disposição pra acordar cedo no fim de semana, pegar o trem e passar o dia andando. Pode chover, pode estar frio, pode ter muita subida. mas não teve nenhum dia que me arrependi de ter ido. Voltar pra casa com as botas sujar e aquele cansaço gostoso, e também com a sensação de ter conhecido um pouquinho mais do país onde moro, é muito recompensador (ah, e sem contar nas paradas estratégicas no pub pelo caminho!!!)
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11 anos depois
fevereiro 05, 2018
Helô Righetto
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Em fevereiro de 2007 eu fiz a cirurgia a laser pra curar a minha miopia (se você quiser ler o post super detalhado do Martin - sim, ele escrevia aqui também - e voltar mais de 10 anos na história desse blog, aqui está). Lembro da sensação de enxergar tudo nitidamente alguns dias depois, e sempre falo pra pessoas que tem medo de fazer essa cirurgia o quanto valeu a pena.
Mesmo agora, que a miopia voltou um pouquinho (pouquinho mesmo, cerca de meio grau) e trouxe com ela um tantinho de astigmatismo (que eu tinha quando era criança), eu não me arrependo de ter passado pela cirurgia. Pois é, cá estou eu de óculos tanto tempo depois!
Notei há alguns meses que estava forçando a vista para tentar focar em algumas coisas, e decidi fazer o exame (aqui fazemos na ótica mesmo, com um técnico, e não oftalmologista). E hoje fui buscar os óculos. Agora estou aqui, me olhando no espelho mil vezes, como alguém que faz um corte de cabelo radical e não se reconhece por alguns dias.
Tô curtindo a 'novidade' e nem penso em usar lentes dessa vez. O grau é baixo e eu não dirijo, ou seja, vou usar pra ver televisão, cinema e assistir aula. Antes da cirurgia eu precisava de lentes o tempo todo porque não conseguia nem reconhecer pessoas na rua. Eu acho óculos um dos acessórios mais charmosos, então tô aqui feliz com os meus!
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Heloisa Righetto, 39 anos, sou paulistana com raízes catarinenses, moro em Londres desde dezembro de 2008 (mas o blog existe desde 2004). Sou designer por formação e trabalho com comunicação. Em agosto de 2018 terminei um mestrado em gênero, mídia e cultura.
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