Duas ótimas exposições no Barbican

maio 08, 2012 Helô Righetto 6 Comentários

O Barbican é um complexo cultural que fica na city, o centro financeiro de Londres. É um espaço gigantesco, que reune galeria, cinema, teatro, espaço para performances e loja; ou seja, tem sempre algo muito bacana acontecendo por lá. Foi uma exposição no Barbican, aliás, que me inspirou a escrever minha primeira matéria, publicada lá no portal Casa.com.br no início de 2009.


Semana passada estive lá mais uma vez pra abertura da exposicão "Bauhaus: art as life", uma super retrospectiva da escola de design mais famosa do mundo. O que mais gostei foi o fato da exposicão não focar apenas nos grandes nomes da Bauhaus - assim como suas icônicas criações - e mostrar como era o dia a dia na escola, como tudo começou, os projetos de cada matéria. Tem até uma seção dedicada as festas que rolavam no campus, e muitas fotografias de momentos pessoais dos estudantes e professores.



Sou fascinada pela história da Bauhaus e o legado deixado por todos que passaram por lá. É incrível como em um período tão curto de existência (1919/1933) e em meio a tantas polêmicas, eles conseguiram deixar sua marca na história da arte, arquitetura e design.

(pra quem gosta de Bauhaus, veja esse post aqui)

Outra exposição - na verdade, uma instalação - que está rolando lá no Barbican é a Waste Not, um super projeto do artista Song Dong. Eu escrevi um preview para a Casa Vogue que deu uma mega repercussão, foi a matéria com o maior número de comentários que já recebi. A instalação utiliza 10 mil objetos guardados pela mãe do artista no período da China comunista pós-guerra, e que rapidamente tornou-se uma obsessão, durando 50 anos. Depois da morte do marido - pai de Song Dong - ela entrou em depressão profunda e via em sua "coleção" uma maneira de manter a presença do marido. É aí que entra o artista, que propos para a mãe transformar os objetos em algo que retratasse a sua vida.




Acho essa história lindíssima, e por isso fiquei surpreendida com a quantidade de comentários metendo o pau na instalação. É muito fácil criticar arte sem tentar entender o que está por trás, qual é o conceito. Quando vi a instalação ao vivo e a cores fiquei boquiaberta, é realmente impressionante e dá pra ter uma noção de como é a vida de uma comunidade sob um regime rígido, e também de como a depressão afetou a vida dessa mulher.

Os objetos - tampinhas de garrafa, pratos, pilhas, sacolas, tudo que você possa imaginar que faz parte do nosso dia a dia - estão milimetricamente arrumados, o que é ainda mais impressionante.Vale muito a pena passar lá, ainda mais porque essa instalação tem visitação gratuita (fica em uma parte do Barbican chamada The Curve, é literalmente um corredor em curva, no térreo).

6 comentários:

  1. Adoro a Bauhaus tb e essa exposição já estava na minha listinha! :)
    Mas sobre a instalação, eu vi quando vc publicou a matéria na Casa Vogue e vi alguns comentários... eu achei que a maioria que meteu o pau não se deu ao trabalho nem de parar um pouquinho pra pensar no que aquilo significou, não só pro artista, mas para a sua mãe. Achei de uma insensibilidade... você pode não concordar, mas nem se dar ao trabalho de tentar entender, acho demais... mas enfim! No quesito matéria, quanto mais gente lendo, melhor :)

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  2. Helo adoro seus posts neste estilo, aprendo muito (quando vc fala sobre design (ta certo, pode corrigir,please?) exposicao, seus trabalhos).
    Obrigada, pelos ensinamentos, serio.
    Nao sei se conseguirei ir ate o Barbican, ja fui la em outras ocasioes, gosto muito. Porem so' de saber dessa historia linda, como foi construida, retratada e sua leitura sobre ela; me da' um alegria, que vc nem imagina. Obrigada.
    Abracos
    Gra

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  3. A Yayoi Kusama com exposição no Tate também recebeu fortíssimas críticas.
    Eu acho que no fundo qualquer crítica desse tipo negativista é mais dor de cotovelo do que realmente baseada em argumentos.
    Arte é tão subjectiva e pessoal de qualquer maneira, quem é pra criticar ou elogiar e ainda querer estar certo ou errado?

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  4. Ai Deus...esse monte de exposição por aí...que loucuraaaa!! Essa é o máximo!!
    Queria ver esse tanto de coisa junta...logo eu que tenho um desapego completo por quinquilharias. Não entendo muito a repercussão negativa! Gostei.

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  5. Mais uma coisa, sobre as críticas: é fácil para a gente que vive num regime capitalista, consumindo coisas ad eternum, criticar esse tipo de exposição. Tudo é disponível e descartável na mesma intensidade. Então, como pode ser arte? Aiii que preguiçaaaaaa!
    Gostei desse monte de coisa reunida com apego. Me dá aflição, mas me põe pra pensar à beça em tudo que já comprei e joguei fora nessa vida..
    Se fosse o Vik Muniz eles estariam super aplaudindo...

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  6. Muito interessante! Também adoro seus posts sobre arte, sempre tão completos! Enxergar a arte através do conceito e não pela beleza não é tarefa fácil, pelo menos para mim. Por isso adoro exposições que falam de maneira mais explícita sobre a vida do artista. Faz quem é ignorante no assunto, como eu, entender melhor a arte da pessoa.

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