O mercado de trabalho para os criativos em Londres

outubro 24, 2014 Helô Righetto 30 Comentários


*****ATUALIZAÇÃO 10/04/17**********
Esse post foi originalmente publicado em 2014 e é um dos mais acessados desse blog. Consequentemente, é um dos que mais recebe comentários. Os comentários geralmente são perguntas sobre a situação pessoal de cada pessoa, e há pouco que posso acrescentar (muitas vezes nada) além do que já escrevi aqui. Peço que por favor leiam o post com calma e leia também os comentários, pois sua dúvida  já pode ter sido respondida. E respostas para algumas perguntas frequentes:

1. Eu não sei nada sobre visto de trabalho. Consulte o site https://www.gov.uk/government/organisations/home-office para toda e qualquer informação sobre visto.
2. Eu não sei se você pode trabalhar caso venha pra cá com visto de estudante. Consulte o site indicado acima
3. Não sei como está o mercado na sua área específica, por favor leia o post novamente
4. Não sei como está o mercado em outras cidades da Europa
5. Sobre validação de diploma de arquitetura, consulte o site https://www.architecture.com/RIBA/Home.aspx para encontrar esse tipo de informação
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Nos meus três primeiros anos em Londres, volta e meia recebia emails de pessoas interessadas em saber como era trabalhar na indústria criativa por aqui. E não eram apenas pessoas com a mesma formação que eu (Design de Produto), mas de várias outras áreas criativas, como moda, interiores e arquitetura.

Fazia tempo que eu não recebia mensagens assim, até que mês passado chegaram vários emails sobre o mesmo assunto: como eu faço pra trabalhar no que você trabalha? O que eu preciso fazer para trabalhar com design/arquitetura/moda em Londres?

Então fica aqui o post pra servir de referência pra quem tem esse tipo de dúdida e não sabe por onde começar a pesquisar. Claro que cada caso é um caso, e as perguntas específicas eu tenho o maior prazer em responder. Esse é um panorama geral, e quem sabe pode ajudar quem está confuso ou não sabe como dar os primeiros passos.

Nos últimos anos, a oferta de trabalho para designers e arquitetos aumentou bastante, mas ao mesmo tempo não ficou mais fácil arrumar emprego. Muita gente boa, do mundo inteiro, vem pra Londres com o mesmo objetivo. A competição é acirrada. 

E lembre-se de que aqui (acredito que na Europa como um todo) é muito mais comum fazer faculdade de moda/design do que no Brasil. Isso porque existem cursos específicos. No Brasil a gente se forma em Design Gráfico ou Design de Produto. Aqui, é possível passar 3 anos estudando áreas como Design de Superfície, Design de Estampas, Design de Transporte, Design de Móveis. Ou seja, mais opções, mais gente cursando. 

Se você está mesmo considerando vir para Londres com a intenção de arrumar um trabalho criativo, considere expandir seus horizontes. Pode soar vago, mas se alguém tivesse me falado isso antes de eu me mudar teria me poupado alguns meses de frustrações e questionamentos. Precisei bater muito a cabeça antes de perceber que poderia fazer outra coisa relacionada com design que não necessariamente desenhar. 

Você estudou Design de Interiores? Pense em trabalhar com styling para produções de revistas de decoração e catálogos de empresas de móveis e accessórios. Estudou moda? Considere começar a sua carreira em uma agência de relações públicas. Estudou arquitetura? Pesquise vagas na área de projetos de interiores para varejo. 

Outra coisa importante: coloque o fato de ser estrangeiro a seu favor. Parece óbvio, mas a gente se sente intimidado quando chega aqui, é tudo tão novo e as coisas acontecem tão rápido que a impressão é de que sempre estamos perdendo alguma coisa, e quem é local sabe mais que a gente. Mas sabe o que aprendi trabalhando aqui? Que não ser daqui é uma das maiores vantagens que tenho em relação aos 'concorrentes' locais. Seu conhecimento de mercado de outro país, seu background cultural é muito bem visto no meio criativo. 

Por fim, explore Londres. Andar de exposição em exposição, evento em evento, palestra em palestra foi o que me ajudou a espantar o desânimo que batia nos meus primeiros meses procurando emprego. Todo dia tem alguma coisa pra fazer, e aos poucos você começará a reconhecer nomes (de pessoas e empresas) e entender como funciona sua área. Foi uma exposição sobre o Le Corbusier no Barbican (que visitei em um dia que estava particularmente desanimada, me lembro muito bem) que rendeu a minha primeira matéria publicada. E dessa para todas as outras, em uma série de sites e revistas, acabou sendo mais rápido do que eu imaginava.

Acho que é isso. Vou pedir ajuda dos universitários: compartilhe sua experiência nos comentários!

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Alguns sites bons para pesquisar vagas:

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A última do ano

outubro 20, 2014 Helô Righetto 2 Comentários

Não sei se comemoro ou se fico triste que estou fazendo a última viagem a trabalho do ano. Queria comemorar porque isso significa que estamos cada vez mais perto do Natal e ano novo (e, consequentemente, uns diazinhos de férias coletivas) mas também dá agonia de saber que em janeiro e fevereiro já tenho as viagens de trabalho programadinhas na agenda. 

Bom, lamentações a parte, estou na Bélgica, visitando uma feira na cidade de Kortrijk. É a primeira vez que venho aqui, o que é algo positivo, não dá aquela sensação de 'já vi isso no ano passado, e no anterior, e no anterior etc etc etc'. Mas a cidade em si achei bem sem graça - saí pra dar uma volta as 7 da noite e achar um lugar pra jantar e estava tudo morto, mega silêncio. 

Tão sem graça que nem rendeu uma foto no Instagram.

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5 programas de televisão para assistir quando você vier para Londres

outubro 19, 2014 Helô Righetto 0 Comentários

1. Bargain Hunt
A ideia é simples: duas duplas (time azul - the blues - e time vermelho - the reds) percorrem uma feira de antiguidades e tem 300 libras e uma hora para comprar quantos objetos quiserem, e cada dupla conta com a ajuda de um especialista na área. Esses objetos vão então para leilão e a dupla que arrecadar mais, ganha (e leva o lucro - geralmente muito baixo). Pode até soar excêntrico, mas feiras e leilões de antiguidades são muito comuns no Reino Unido - aqui no meu bairro, por exemplo, existem as duas coisas. Os britânicos no geral adoram uma barganha nessas feirinhas, e existem dezenas de programas dedicados ao assunto. Se você gostar de Bargain Hunt, assista também Antiques Road Show, Flog It!, Cash in the Attic.

2. Celebrity Juice
Pra rir muito e ver muita baixaria. Mas digo rir de chorar de rir e baixaria de ver pintos e bundas e aprender todos os palavrões possíveis em inglês. Trata-se de um programa estilo 'painel' (muito comum na televisão britânica, poderia citar dezenas: um apresentador e dois times de tres ou quatro pessoas que precisam responder perguntas ou cumnprir tarefas). Os times são formados por celebridades, e como o nome diz, as perguntas e tarefas são baseadas no mundo dos famosos, fofocas e verdades. O apresentador, Keith Lemon, é uma piada (pra quem não está afiado no inglês, é difícil entender o que ele fala), e não tem papas na língua. Se você gostar de Celebrity Juice, assista também A League of Their Own e Mock the Week.

3. The Graham Norton Show
Já escrevi um post sobre esse talk show, e ele continua muito bom - acho que até melhor do que na época que escrevi. Os entrevistados ficam juntos o tempo todo, e isso rende momentos hilários. Mas o destaque é mesmo o próprio Graham Norton, que faz perguntas bem diferentes do que vemos nos talk shows e consegue sempre fazer que role uma química entre os entrevistados. Veja até o fim, que sempre tem apresentação musical (semana passada foi o U2, por exemplo) e o famoso quadro 'The Red Chair', quando alguém do público conta uma história que supostamente deve ser divertida, mas se o Graham achar que é chata, a pessoa é derrubada da cadeira (falando assim parece idiotice, mas e hilário).

4. Grand Designs
Esse programa epitomiza a obssessão dos britânicos pelo mercado imobiliário e a curiosidade de ver a casa alheia. O que tem de coisa na televisão sobre pessoas procurando lugares pra morar e reformas/decoração não é brincadeira. A diferença do Grand Designs é que o apresentador (Kevin McCloud, que é tipo o guru da arquitetura/decoração e é o 'rosto' da marca) acompanha um projeto do zero, passando por todos os perrengues da contrução. Tem casas, por exemplo, que começam a ser construídas anos antes do programa ir pro ar, porque geralmente o episódio termina com o apresentador visitando os proprietários já morando lá. Se você gostar de Grand Designs, assista também Location, Location, Location, 60 Minute Makeover e Homes Under the Hammer.

5. Countryfile
Sabe aquela hora no domingo, fim de tarde e começo da noite, quando só tem lixo passando na televisão? Pois veja Countryfile e seus domingos nunca mais serão os mesmos! O programa tem vários apresentadores, e cada episódio é focado em uma região do interior do Reino Unido, além de ter algumas seções específicas, como o dia e dia e problemas de uma fazenda. A ideia principal, porém, é mostrar as belezas de cada região (fauna e flora), assim como produtos típicos e artesanato local. O Countryfile tem grande influência na nossa vontade de explorar mais o país que moramos. Recomendo muito pra quem quiser aprender mais sobre o Reino Unido, que vai muito, mas muito além de suas cidades mais connhecidas. Enfim, é um programão, especialmente pra quem curte viajar.

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5 coisas que existem em todas as casas de Londres

outubro 15, 2014 Helô Righetto 4 Comentários


Atualização: eu lancei um ebook sobre Londres que contém mais de 30 listas como essa. Gostou desse post? Então apoie meu trabalho adquirindo o livro Quase Londoner, clique aqui!

1. Alarme de incêndio
Você pode morar em um estúdio ou um palácio, mas o alarme de incêndio sempre estará lá. Ok, é prudente e tal, mas está SEMPRE muito perto do fogão, ou seja: ele vai disparar toda vez que você fritar um bife. O pior é que se seu apartamento/casa tem mais de um alarme (como no nosso caso, é um na cozinha e um logo depois da porta de entrada), eles estarão conectados, e assim que um dispara, todos os outros disparam também. O primeiro disparo será aquele susto, todo mundo desesperado achando que o prédio todo deve estar em pânico (não estão), mas aos poucos você aprende que basta abanar a fumaça perto do alarme por alguns segundos que ele para de tocar. Você aprende também a não entrar em pânico quando o alarme do vizinho dispara. Afinal todo mundo frita bife.

2. Aquecedores
Seus melhores amigos durante 5 meses do ano (aqui em casa geralmente de novembro a março). Mas viram inimigos quando chega a conta da British Gas. Frio lá fora, casa quentinha.... no primeiro ano você liga todos os aquecedores da casa, e só quando chega a conta no fim do inverno que você se lembra de que, ops, não existe a fada madrinha do aquecimento, mas sim a British Gas. Fora isso, os aquecedores são um empecilho decorativo, já que não dá pra colocar nada na frente, ou em cima (quando estão ligados, mas quem vai ficar mudando as coisas de lugar de acordo com a estação do ano?).

3. Carpete
Dê adeus ao seu piso de porcelanato brilhante ou aos tacos nos quais você gastou uma fortuna para reformar, porque em Londres o negócio meu amigo, é carpete. Tudo bem, nos apartamentos e casas mais novos é até fácil encontrar aquele piso laminado de madeira baratex que todo mundo compra em seu primeiro apartamento, mas escreve o que eu tô dizendo: nos quartos, só carpete. Tudo bem que dá aquela sensação de aconchego, principalmente no inverno, mas por mais que você tome todo cuidado do mundo para não andar no carpete de sapato, depois de alguns meses já dá pra notar onde está gasto. Fora a poeira. Por isso, como eu já disse nesse post aqui, coloca o seu rico dinheirinho num aspirador bom. Ah, não vou nem comentar dos apartamentos que tem carpete no banheiro. Não é lenda.

4. Banheira
'Ai que máximo você tem banheira em casa'. Que máximo? Puta saco limpar a banheira. Prefiro mil vezes um box, até porque quem tem tempo de usar a banheira? E o espaço que sobraria no banheiro se fosse um simples box? E a água que espirra no banheiro inteiro porque só tem um painel de vidro ou acrílico super pequeno como proteção? Mas juro, mesmo que você vá no menos apartamento de Londres, a bendita banheira está lá.

5. Interruptor na tomada
Aê! Finalmente uma coisa boa. Gente, como não tem isso em todas as tomadas do mundo? Acho super seguro e sustentável. Vai viajar? Desliga todas as tomadas e pronto, certeza de que nenhum aparelho ficou ligado ou no 'stand by' desnecessariamente. Fora quem pra quem é paranóico como eu, o medo de tomar choque toda vez que precisa plugar algo na tomada desaparece: basta desligar o interruptor, plugar e ligar de novo. GENIAL. Acho que vou começar uma petição no Change.org pra ter isso no mundo todo. 

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Exposição: Constable - The Making of a Master

outubro 12, 2014 Helô Righetto 3 Comentários

Não sei se foi coincidência, mas nessa temporada a Tate Britain e o Victoria & Albert montaram grandes exposições de artistas que foram concorrentes: Turner e Constable, respectivamente (já escrevi sobre a exposição do Turner aqui). 

Os dois viveram na mesma época e os dois retratavam paisagens, mas tinham estilos completamente diferentes. Diz a lenda que não se suportavam, e por causa disso muitos críticos escreveram matérias comparando as duas exposições. Bom, não sou crítica, mas agora que estive nas duas posso tambem dar meu veredito: Turner ganha,

Mas, competição a parte, a exposição do Constable no V&A está sim bem bonita. Como diz o nome ('The Making of a Master') o foco é na formação de John Constable, como ele começou e aprimorou sua técnica. 

Seu estilo era muitos mais tradicional e condizente com a época: paisagens bucólicas e interpretações mais realistas do que as pinturas de Turner, por exemplo (mas ainda assim ele recebia críticas de 'especialistas' que não gostavam do resultado, e achavam suas telas com cara de inacabadas).

O que mais me impressionou na exposição foi ver a quantidade de estudos que ele produzia antes de partir para a tela final. É muito bacana ver a evolução de um quadro e as mudanças feitas ao longo do desenvolvimento. 

Para quem quer ver tanto essa exposição quanto a do Turner na Tate Britain, aconselho a ver essa primeiro e ir para o Turner depois. 

'Constable - The Making of a Master' fica no Victoria & Albert até 11 de janeiro de 2015. 

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Malta, a primeira viagem como blogger

outubro 06, 2014 Helô Righetto 2 Comentários

A não ser que esse seja o primeiro post que você lê nesse blog, todo mundo já está cansado de saber que eu escrevo também no blog Aprendiz de Viajante, totalmente dedicado ao assunto viagens. E, apesar de eu sempre escrever vários posts sobre os lugares que conheço quando viajo de férias, eu nunca tinha viajado por causa do blog.

Pois é, pra quem não sabe, isso existe. Assim como existem as blogueiras de moda profissionais, existem também os blogueiros de viagem (do mundo inteiro). Muitos fazem disso sua profissão, dedicam-se integralmente ao blog e ganham dinheiro assim. Organizações voltadas para promover o turismo em certos países e cidades convidam esses blogueiros para conhecer os lugares, que por sua vez comprometem-se (sem comprometer a integridade do conteúdo que produzem) a divulgar a experiências no blog e mídias sociais (porque ser blogueiro de viagem hoje em dia requer muito mais do que postar no blog).

Como eu não sou blogueira de viagem 'full time', e me dedico ao Aprendiz de Viajante em horários alternativos, nunca tinha aceitado um convite para viajar: seja por causa do calendário maluco no trabalho ou então porque eu não tinha dias de férias pra tirar.

Mas enfim, dessa vez deu certo e eu estou em Malta (um arquipélago/país no sul do Mar Mediterrâneo, perto da Sicília, na Itália) a convite do MTA (Malta Tourism Authority) e do iAmbassador, que criaram em colaboração o projeto Blog Island. 

Pra mim, é tudo muito novo. Pra começar, estou viajando sem o Martin. Estou hospedada em uma casa (enorme) com outros dois blogueiros (uma britânica e um francês), os quais dedicam-se integralmente aos seus blogs. É uma experiência que tem seus prós e contras. Claro que conhecer um lugar lindo como Malta com (quase) tudo pago (quase mesmo, as refeições são por nossa conta, assim como boa parte do transporte pelas ilhas) é super bacana, mas dividir uma casa com pessoas que nunca antes você viu na vida requer bastante paciência.

Enfim, estou aqui há apenas 24 horas e o saldo até agora é positivo. Mais 3 dias pela frente, e espero que tenha muito mais disso aqui:







Pra quem quiser acompanhar o 'desenrolar' da viagem, estou postando com frequência no Instagram, tanto no meu perfil (@helorighetto) como no do Aprendiz (@aprendizviajant). A hashtag oficial da viagem, usada por todos os blogueiros que participaram e participarão do projeto é #maltaismore e a hashtag para ver apenas asminhas fotos é #advemmalta

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5 comentários idiotas que você vai ouvir quando se mudar para Londres

outubro 03, 2014 Helô Righetto 8 Comentários

1. Você não mora aqui, não sabe do que está falando
Essa pérola eu escutei na eleição de 2010, de uma (ex) amiga, quando deixei minha opinião no facebook. Pois é, parece que quando você sai do Brasil a regra é que você não se interessa mais por nada que acontece lá. Ou então você perde o direito de opinar, afinal 'deixou' seu país, traiu suas raízes. Como se quem é expatriado não quisesse o melhor pro Brasil como qualquer outro brasileiro ou como se não existisse todos os meios pra gente se informar tão bem quanto qualquer pessoa que more no Brasil.

2. Vocês que estão certos, fiquem em Londres mesmo, o Brasil é uma merda
Esse comentário pode criar uma situação totalmente reversa do que o comentarista esperava. Quem vomita uma babaquice dessas assume que quem mora fora odeia o Brasil e o motivo da mudança foi desgosto e descrença com o futuro do país. Bom, não é meu caso e penso eu que não é o caso da maioria dos expatriados. Eu não acho o Brasil 'uma merda', e odeio as frases estilo 'só no Brasil' e afins. Sei dos problemas e angústias mas, justamente por morar fora e conhecer bem a cultura de outro país, tenho plena consciência de que nada é 'só no Brasil'

3. Mas você ganha em libras!
Sim, eu ganho em libras, mas você obviamente esqueceu que minha hipoteca também é em libras, a comida que compro no supermercado também é vendida em libras, os gastos com transporte também são em libras... preciso continuar? E, se for pra reforçar o argumento, eu ganho em libras mas proporcionalmente bem menos do que meus amigos no Brasil ganham em reais. Não só ganho menos, mas convertendo meu salário para reais o valor ainda é mais baixo do que eu ganharia agora se estivesse no mesmo cargo que estava antes de ir embora. Então, por favor, parem de me falar isso quando eu comentar que viajar pro Brasil custa muito caro.

4. Nossa você tá muito inglesa!
Tá bom, eu sei que esse não é um comentário idiota, e (espero eu) geralmente quem fala nem tem ideia de que é irritante (eu me irrito muito facilmente, como quem lê esse blog já deve saber há tempos). Mas que diabos significa 'você tá muito inglesa!'? Nunca entendi. É a roupa? É o cabelo? É a gordura acumulada na barriga? Mas por que isso é indicação de que eu 'estou' inglesa? talvez seja pura e simplesmente falta de boas ideias, vontade de puxar assunto.

5. Não sei como vocês aguentam frio e céu cinza o ano todo
E eu não sei como eu aguento você falando essa idiotice pra mim. Juro, faz frio na Europa inteira, tem céu cinza em qualquer lugar, mas por alguma razão existe essa ideia de que Londres é a mais cinza e gelada cidade de todos os tempos. Tá, você não está convencido? Então pelo menos guarde o comentário para você e tente falar algo positivo, pode ser? 

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