Eu corri uma meia maratona. Euzinha aqui, e o Martin, corremos VINTE E UM QUILÔMETROS (uma das primeiras coisas que pensei quando cruzei a linha de chegada foi: como alguém aguenta fazer o dobro disso? Como é possível alguém correr uma maratona inteira?).
Eu tô muito orgulhosa, muito mesmo. Sabe quando você volta de viagem e quer ficar olhando as fotos e só quer conversar dessa viagem com os amigos? Todo mundo de saco cheio de ouvir, e você vira aquela pessoa chata e monotemática por um tempo. Bom, essa sou eu. Acho que isso vai pro meu 'hall da fama' particular, e quero lembrar desse dia pra sempre.
Pra quem quer fazer uma meia maratona em Londres, recomendo demais fazer a
Run Hackney. A organização estava impecável, e a atmosfera é maravilhosa. Teve torcida o percurso inteiro. Foi muito legal estar do 'outro lado' e receber apoio do pessoal que vai pra rua pra bater palmas, gritar, distribuir água e dar um apoio moral. Alguns moradores das ruas por onde passamos levaram mangueiras pro lado de fora pra ajudar os corredores a se refrescarem, muito bom!
Haviam muitos pontos oficiais de distribuição de água e também
Lucozade, eu acho que não fiquei mais de 2km sem tomar água. Aliás, mais de uma vez eu estava com uma garrafa de água em uma mão e uma de Lucozade na outra!
O maior obstáculo dessa corrida foi o calor. Justamente ontem calhou de ser o dia mais quente do ano em Londres até agora. O que seria maravilhoso, se eu não tivesse que correr a minha primeira meia maratona sob o sol escaldante e o asfalto fervendo. Desde antes da largada (aliás, dias antes, quando saiu a previsão do tempo, recebemos email dos organizadores pedindo que todo mundo se hidratasse e pegasse leve na corrida, sem tentar fazer um 'personal best') fomos aconselhados a tomar muita água durante todo o percurso e diminuir o ritmo se não estivéssemos nos sentindo bem. Infelizmente vimos bastante gente passando mal, mas todos atendidos prontamente por paramédicos (obrigada
St John Ambulance!). Confesso que toda vez que via alguém estirado no chão recebendo oxigênio eu pensava: 'espero que eu não seja a próxima!'. E aí eu jogava mais água na cabeça e no rosto e seguia em frente.
Eu geralmente sou sensível ao sol e calor, e treinando meses no frio, estava com medo sim de passar mal. Mas segui firme e forte. Senti cansaço, as pernas ficando 'duras', mas a respiração estava boa e não rolou sensação de fraqueza.
Os últimos três quilômetros foram muito difíceis. Não tinha nenhuma sombra, e, pra completar, tinha uma subida muito chata. Você ouve a torcida gritando 'well done, you are almost there, kepp going, looking great!', e o
Garmin também marca 19, 20km... mas cadê a linha de chegada? Não chega nunca! Aí as pernas pesam mesmo e dá muita vontade de parar de correr e seguir caminhando. Nessa hora eu tirei força de não sei onde e comecei a gritar eu mesma 'come on! we are almost there!'. Isso não apenas me ajudou mas ajudou também o pessoal que estava ao meu redor - recebi muitos sorrisos e palmas dos meus colegas corredores assim como da galera que estava assistindo. Foi um momento bem especial (e fico emocionada só de lembrar).
Eu e o Martin estávamos juntos o tempo todo. Em uma corrida desse porte, com 15 mil participantes, fica difícil estar literalmente lado a lado. Estávamos sempre muito perto, alguns momentos ele um pouco mais pra frente, mas um sempre de olho de outro. Se ele estava na frente, eu me motivava para alcança-lo, e vice versa. Como eu falei, o finalzinho foi cruel, e quando a linha de chegada estava a vista a gente deu as mãos e foi!
Completamos a meia maratona em 2 horas e 15 minutos, nosso pace médio foi de 6m22s por quilômetro (na última prova de 10k que fizemos, pra vocês terem uma ideia, o pace médio foi de 5m42s), mais alto do que nos treinos. Mas com o calor, pra gente seria impossível ir mais rápido. Mas está feito! Agora é planejar os próximos desafios e continuar correndo, claro!