sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Chá, sexo e permissão

Acabei de ver um vídeo excelente no Facebook (e vocês achando que o Facebook não servia pra nada além de fotos de bebês e anúncios de noivado/gravidez/nascimento/merchan de guia de viagem) e aproveitando a vibe feminista do último post, achei que seria legal compartilhar aqui.

Eu não sei quem produziu, mas foi divulgado por uma divisão da polícia britânica. O vídeo é uma animação simples, que explica o significado de consentimento usando um elemento essencial na vida dos britânicos: chá.

Mesmo que você não fale inglês, dá pra compreender a mensagem. Se parece tão óbvio com chá, porque existe dúvida quanto a permissão quando o assunto é sexo?

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

#PrimeiroAssédio

Se você estava plantando batatas em Marte nas últimas semanas, existe a possibilidade de você ter perdido a hashtag #primeiroassédio no Twitter. Bom, então vai lá, que rapidinho você vai entender do que se trata e entender como essa história começou. Mas se você tá sem tempo e precisa de um atalho, assista esse vídeo da Jout Jout:



Eu sou apaixonada por causas feministas e vocês já leram aqui sobre o projeto Everyday Sexism e a campanha No More Page 3. Eu também acompanho de perto o Think Olga no Brasil, que sempre lança campanhas incríveis como o Chega de Fiu Fiu e agora também foi responsável pela hashtag #primeiroassédio.




E essa hashtag, juntamente com o vídeo da Jout Jout, me fez pensar (quer dizer, relembrar) nas minhas experiências de assédio. Que né, desde que me entendo por gente achei 'normal', 'corriqueiro', a ponto de nunca ter conversado sobre isso com ninguém. Já sofri assédio sozinha, com amiga, com a minha irmã e até com a minha mãe. Engraçado isso, porque acontece com todas nós e a gente nem tchuns, nem acha que vale a pena colocar o assunto em pauto no almoço de família ou nas conversas com as amigas.



Tá mais que na hora da gente fazer barulho.

UPDATE: comecei uma conversa sobre esse assunto em um dos meus grupos de amigas no WhatsApp. TODAS com histórias horrorosas pra contar. A gente se conhece muito bem, somos amigas muito próximas, e é a primeira vez que contamos essas histórias umas pras outras.

sábado, 24 de outubro de 2015

Exposição: The Amazing World of M.C. Escher

Faz tempo que não escrevo aqui sobre as exposições que visito, mas hoje fomos ver a do Escher na Dulwich Picture Gallery e saí tão inspirada (eu sei que falar isso soa meio idiota, mas eu tenho muito dificuldade em encontrar inspiração, então pra mim é grande coisa!) que resolvi colocar logo 'no papel'.

Primeiro que a Dulwich Picture Gallery é linda, e fazia um tempão que eu não ia lá (a primeira vez há alguns anos foi para ver uma exposição do Warhol). É afastada do centro, tem um jardim lindo e um café bem fofinho. E claro, fica em Dulwich que também é uma região bem bacana, e nessa época do ano fica tudo sempre tão mais lindo por causa das cores do outono, que andar pelas ruas do bairro já vale a viagem por si só.

Mas de volta ao museu e a exposição. Fomos sem comprar ingresso antecipado e demos sorte: os ingressos esgotaram para o dia pouco tempo depois (chegamos lá as 14h, e tivemos que matar tempo até as 15h30, horário da nossa entrada). Para um museu geralmente vazio e não tão famoso, isso é grande coisa! O bom é que deu pra ver a coleção permanente com muita calma, e tem muita obra bacana lá (Rembrandt, Canaletto, Gainsborough... vale demais a pena).



A exposição está sensacional. Mesmo. Ver as gravuras do Escher de pertinho é ainda mais impressionante do que ver em um livro. Pra quem não é familiarizado com o trabalho dele, o Escher criava cenários 'absurdos', mesclando ilusão de ótica com surrealismo. Ele também criou estampas 'infinitas', encaixando formas orgânicas e geométricas que vão 'expandindo'. Difícil de explicar - em inglês isso é definido como 'tesselations', mas eu não sei a palavra equivalente para descrever esse método em português.

Acho que as obras mais conhecidas dele são as gravuras com as escadas que sobrem e descem em perspectivas diferentes. Não dá pra entender qual o ponto de vista correto. Esse vídeo acima é uma paródia, mas uma boa maneira de entender o trabalho dele em poucos segundos.

No fim da exposição eu estava com um pouco de dor de cabeça até, um pouco zonza com as perspectivas confusas e planos diferentes, e estampas que começam como losangos e terminam como pássaros. Com dor de cabeça, mas muito inspirada. E o melhor é que na saída eles colocaram uma esfera espelhada, para que os visitantes possam fazer uma foto inspirada em uma das obras mais conhecidas dele, 'Hand With Reflecting Sphere'.

A photo posted by Helô Righetto (@helorighetto) on


Essa exposição vai até 17 de janeiro, então se você estiver por essas bandas durante esse tempo, tente visitar! No site da Dulwich Picture Gallery tem todas as informações.

sábado, 17 de outubro de 2015

Shiteastern

Eu sou uma apaixonada pelo bairro onde moro, como já declarei diversas vezes, mas se tem uma coisa que as vezes me faz pensar em me mudar daqui é o fato de dependermos do serviço de trem da Southeastern (acho que já deu pra entender o título desse post, né?).

Sim sim sim, o transporte público em Londres é muito bom e torço pra que nunca mais eu precise ter uma carro pra ir e voltar do trabalho. Mas infelizmente a rede ferroviária não é administrada pelo TfL (Transport for London, que cuida do metrô e ônibus), e os usuários dos serviços de trem em Londres ficam a mercê do monopólio de empresas que ganham permissão para operar numa certa área do país. Isso sem contar que usar o trem custa mais caro do que o metrô, mas né, uma reclamação de cada vez, deixa essa pra lá. 

Mas, burocracias a parte, o serviço prestado pela Southeastern tem piorado nos últimos anos. Os trens atrasados e cancelados por motivos imbecis costumavam ser uma casualidade - coisa de uma ou duas vezes por mês. Aí passou a acontecer com mais frequência, até chegar no ponto em que todo dia tem algum problema. 

E os motivos.. ah, os motivos! Folhas nos trilhos (JURO), trem quebrado, falta de funcionários e por aí vai. Eles tem até a cara de pau de falar que o trem tal está atrasado devido a atrasos que aconteceram mais cedo. JURO. 

Recentemente o problema dos trens tem ganhado um pouco mais de atenção da mídia (a Southeastern não é a única a tratar seus clientes como grandes imbecis). Afinal, como pode ser que um serviço tão caro (e que todo ano fica mais caro) seja tão xexelento? Além dos atrasos e cancelamentos os trens são velhos, sujos e não tem vagões suficiente para a demanda. É um deus nos acuda.

Mas (sim sim, tem um lado positivo!) pelo menos nós pobre coitados clientes da ShitOPS Southeastern podemos lamentar até não poder mais no Twitter. O Twitter tornou-se o principal canal para todo mundo meter a boca e também se informar sobre o que tá acontecendo. E também dar risada com o perfil-paródia @Se_Tranes (o perfil oficial da Southeastern é @Se_Railway e o perfil de paródia antes era @Se_Raleway - pegou, pegou? - mas por causa de uma denúncia 'anônima' ele foi tirado do ar e voltou como @Se_Tranes).

O @Se_Tranes é o melhor consolo quando estamos lá na estação em meio ao caos. Além de zombarem da incompetência da Southeastern, eles também respondem as pessoas que reclamam pro perfil oficial. É realmente hilário. Alguns dos meus tweets preferidos:











E temos também os tweets dos amigos usuários - olha, pelo menos a Southeastern serve pra isso, une as pessoas em torno do mesmo ódio:









Eu poderia postar centenas e centenas de tweets, mas deu pra entender né? Domingo a noite, além da deprê básica da semana de trabalho que vem pela frente, a gente já pensa 'certeza que amanhã de manhã vai ter trem atrasado...'

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Leituras (com atraso, de novo!): The General in His Labyrinth / Sejamos Todos Feministas

Confesso que perdi um pouco o ânimo de postar sobre as minhas leituras aqui - assim que termino um livro coloco quase que imediatemente no Instagram, então fico com a sensação de chover no molhado na hora de escrever o post.

Outra coisa que parei de fazer (e só notei porque ontem fui olhar os posts antigos sobre livros) é comentar a história dos livros lidos. Acho que por pura preguiça, e também porque me falta intelecto literário.

Então, será que a vale a pena continuar registrando as leituras aqui? Alguém acha relevante?


domingo, 11 de outubro de 2015

Outubro Rosa + Guia de Londres

Meu envolvimento com o Cancer Research UK não é de hoje - ja falei bastante sobre essa instituição aqui no blog, que trabalha na pesquisa em busca da cura e tratamento do câncer. Se você acompanha o blog há mais tempo deve lembrar que eu fiz algumas arrecadações pra eles, geralmente relacionadas com as provas de corrida.

Como estamos em outubro, e há uns anos rola essa campanha Outubro Rosa (saiba mais sobre o que é isso clicando aqui), resolvi participar de uma forma diferente e fazer a arrecadação usando o meu Guia de Londres como gancho.

Então é assim: todo o dinheiro arrecadado com as vendas do Guia de Londres no mês de outubro (tanto o livro físico quanto a versão digital) através do Aprendiz de Viajante será doado para o Cancer Research UK.

Ou seja, você compra um produto muito legal e o seu dinheiro vai para uma causa ainda melhor. Mesmo que você não tenha planos de vir para Londres, pense que pode ser uma oportunidade pra aprender mais sobre a cidade, ou então presentear alguém que está com a viagem marcada.

Para saber mais informações sobre o conteúdo do guia e como você pode comprá-lo, clique aqui. O Guia de Londres também está a venda nas livrarias Blooks, Saraiva e Travessa, mas como a minha margem de ganho é baixa nesse caso, e não tenho total controle do processo de venda, essa ação só vale para os exemplares vendidos através do site Aprendiz de Viajante.

Então vai lá comprar o seu! O formato digital custa R$39,90 e o livro R$54,90 (entregamos em todo mundo)

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

'Você tá muito melhor! Tô CHOCADA'

*antes de começar o post, quero avisar que consultei minha equipe para assuntos aleatórios  -  eu precisava saber se era paranóia minha, exagero. Elas disseram que sim, então fiquei bastante na dúvida se postava a respeito, afinal minha fama de reclamona e rabugenta não é algo assim que me faz muito orgulhosa. Mas aí pensei, pensei, pensei e cheguei a conclusão: o que é esse blog senão meu muro das lamentações pessoal? Então é isso, engulam mais essa reclamação. 

Eu não fazia exercício há um tempo. Aí passei a fazer. Ou seja, o emagrecimento foi uma consequência natural. Ainda mais quando o exercício é algo que dá resultado rápido, como a corrida no meu caso. Não mudei minha alimentação, nem minha rotina. Apenas incluí a corrida, e aí perdi uns quilinhos.

Eu não voltei a correr com o intuito de emagrecer. Eu sabia que isso aconteceria, mas o que eu queria era ter um desafio pessoal e simplesmente mexer meu corpo depois de sentar o dia inteiro no escritório. E também fazer algo com o meu marido, pra gente compartilhar e curtir juntos. E deu certo. Como já falei aqui outras vezes a corrida vai bem, obrigada (escreverei mais sobre isso em breve).

Ok, mas vamos voltar ao emagrecimento. Eu nunca fui muito gorda, nem muito magra. Sempre oscilei, e confesso que nos meus 20 e poucos eu queria sim ser magrinha. Mas aí com o passar dos anos eu comecei a me importar menos e menos com isso e estava bem contente com que via no espelho. Pra mim, tava tudo ótimo.

Só que, recentemente, assim que eu e o Martin começamos a pegar mais pesado nas nossas corridas (mais longe, mais rápido), muitas (muitas mesmo, não é exagero) pessoas começaram a me falar o quanto elas estavam impressionadas com o fato de eu ter emagrecido. Amigas bem próximas, outras mais distantes. Gente que só tenho contato no Facebook e também colegas de trabalho. Até fulaninho que comentou com fulaninho que contou pra uma amiga que contou pra mim. Tudo bem, eu entendo que é um elogio, que (na maioria dos casos) as pessoas queriam me falar que eu estava bonita, e eu vi sim como algo positivo.

Mas tem elogios e elogios. Porque eu ouvi também alguns exageros, pessoas falando pra mim o quanto eu estou melhor e mais bonita, ou então falando o quanto estavam chocadas (juro, chocadas) com o tanto que eu emagreci.

Sério, chocadas? Primeiro que na balança eu não perdi tanto peso assim. Coisa de 3 quilos, talvez. Mas ok, eu sei que a corrida dá uma secada e define o corpo. Mas como eu falei, eu não estava infeliz antes. Fiquei sim incomodada com o fato de alguém falar que eu 'estou muito melhor'. As minhas gorduras parece que não tinham importância pra mim, mas pelo visto incomodavam os outros (fico até imaginando os cochichos: 'se ela perdesse uns quilinhos seria tão mais bonita....)

Essa semana, no trabalho, uma colega falou algo que me marcou muito: 'your body is a tool, not an ornament' (seu corpo é uma ferramenta, e não algo decorativo). Eu gostei tanto dessa frase, e caiu como uma luva pra esse post.

Fiquei meio passada com a obssessão do pessoal com a magreza e a imediata associação das palavras: 'magra' e 'melhor'. Ok, não é algo novo, mas é a primeira vez que eu senti na pele a obssessão das pessoas com o sonhado 'corpo perfeito'.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

10 anos

Sabe quando os casais recém casados ou que estão para casar falam que o melhor conselho que já ouviram é que não se deve ir dormir brigado?

É mentira.

O meu conselho para se ter um casamento duradouro é: vá dormir e resolva depois. Amanhã a raiva terá diminuído e a vontade de dar um chute no saco do seu marido ou um soco no nariz será bem menor. Digo com propriedade, afinal hoje, 01/10/2015, completo 10 anos de casamento com o Martin.

Pra quem chegou nesse blog há menos de 10 anos, clique aqui e aqui para ver algumas fotos do nosso casamento, que foi o maior festão que esse Brasil já viu (mentira). Eu acho que a gente tá melhor agora, se você acha que não por favor não me fale.

10 anos... 10 anos!